Iván Duque: "Quero governar a Colômbia com o espírito de construir, nunca de destruir" (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de agosto de 2018 às 20h37.
Bogotá - O advogado Iván Duque assumiu nesta terça-feira como presidente da Colômbia com a promessa de unir um país dividido pelo acordo de paz com a guerrilha desmobilizada das Farc.
O político de direita, que substituiu o ganhador do prêmio Nobel Juan Manuel Santos, enfrenta os desafios de ajustar o acordo com as Farc, combater o narcotráfico, a violência, a corrupção e reduzir as desigualdades sociais, melhorando a cobertura de educação e saúde.
"Quero governar a Colômbia com valores e princípios inabaláveis, superando as divisões de esquerda e direita (...) quero governar a Colômbia com o espírito de construir, nunca de destruir", disse Duque após tomar posse e receber a faixa presidencial.
A Colômbia enfrenta os desafios de uma economia que segue fraca, de uma nova onda de grupos criminosos que se dedicam ao narcotráfico e à mineração ilegal ocupando territórios desalojados pelas Farc e de abrigar mais de 870 mil imigrantes venezuelanos que chegaram ao país em busca de comida e trabalho.
Duque, ex-senador do partido Centro Democrático, quer fazer ajustes em um acordo de paz com as desmobilizadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia para impedir que o narcotráfico seja um delito passível de anistia e obrigar que os antigos comandantes rebeldes respondam à justiça antes de ocupar cargos políticos.
"Vamos implantar correções para assegurar às vítimas verdade, justiça proporcional, reparação e não repetição. Também iremos corrigir falhas estruturais que se mostraram evidentes na implementação", disse Duque perante 10 presidentes latino-americanos convidados em um ato na Praça Bolívar, em Bogotá, em meio a fortes medidas de segurança.
Duque, de 42 anos, tem apoio do ex-presidente Álvaro Uribe, um duro crítico do acordo de paz cujo pai foi assassinado por rebeldes em uma tentativa fracassada de sequestro e que foi o opositor mais ferrenho a Santos.
Uribe, que enfrenta acusações de manipular testemunhas em um processo na Corte Suprema de Justiça por supostos vínculos com esquadrões paramilitares da extrema-direita, é visto por alguns como o poder por trás de Duque, que consideram como um político inexperiente.
Mas Duque, que trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento em Washington antes que Uribe lhe pedisse para voltar à Colômbia em 2014 para se candidatar ao Senado, mostrou independência na formação de sua equipe de ministros e moderou seu discurso sobre o acordo de paz.
O presidente reiterou que irá buscar "soluções e não agressões".
O acordo de paz assinado em 2016 colocou um fim à participação das Farc em mais de cinco décadas em um violento conflito que deixou mais de 260 mil mortos, enquanto mais de 12 mil integrantes da ex-guerrilha, incluindo cerca de 6 mil combatentes, entregaram suas armas à Organização das Nações Unidas e formaram um partido político.
A conservadora sociedade colombiana está dividida entre os que respaldam que os antigos líderes das Farc participem da política, com os 10 assentos no Congresso entregues pelo acordo de paz, e os que se opõem e exigem que paguem primeiro com privação de liberdade por seus crimes.
Casado e pai de três filhos, o presidente prometeu impulsionar empresas através de reduções de impostos e um apoio às indústrias de extração de petróleo e carvão, os principais produtos geradores de recursos por exportações.
A economia com Produto Interno Bruto de 315 bilhões de dólares irá crescer 2,7 por cento neste ano, segundo o governo de saída.
Alguns expressaram preocupação de que os cortes propostos de impostos podem piorar a situação fiscal. Duque terá que impulsionar mudanças impopulares, incluindo uma reforma previdenciária que permita que o país preserve o grau de investimento.