"Eu não tinha nenhuma intenção de falar. Fui obrigada pela repercussão e pelo fato de ter sido considerada como uma prostituta", afirma Chiara, sobre o caso de Berlusconi (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2011 às 07h36.
Roma - Duas jovens italianas contaram à Promotoria de Milão com detalhes suas experiências pessoais em uma das inúmeras festas privadas de Silvio Berlusconi, um testemunho que se destaca pelo conteúdo sexual dos eventos definidos pelo primeiro-ministro como "jantares elegantes".
Nesta quarta-feira, os dois principais jornais da Itália, "Corriere della Sera" e "La Repubblica" publicaram os relatos feitos na última segunda-feira à Promotoria de Milão por Ambra Battilana e Chiara Danese, duas jovens que aos 18 anos participaram de uma festa de Berlusconi na noite de 22 de agosto em sua mansão de Arcore (próxima a Milão).
"Eu não tinha nenhuma intenção de falar. Fui obrigada pela repercussão que o caso ganhou e, principalmente, pelo fato de ter sido considerada injustamente como uma prostituta. Minha imagem está denegrida, me incomodam as contínuas chamadas anônimas", afirma Chiara.
A jovem garante que decidiu falar diante das reiteradas declarações públicas do primeiro- ministro, nas quais garante que os eventos eram somente "jantares elegantes", o que Chiara nega.
As jovens detalharam que chegaram até a mansão do primeiro-ministro por meio do diretor de noticiários de seu canal de televisão privado Desafie Quattro, Emilio Fede, a quem conhecem por ocasião de fazerem testes para serem "as meninas do tempo".
Ambra e Chiara revelam que no jantar na qual elas participaram havia 15 pessoas, entre elas a conselheira regional da Lombardia Nicole Minetti, quem é investigada pelo caso Ruby, pelo qual Berlusconi é julgado por abuso de poder e incitação à prostituição de menores.
Pelos testemunhos das jovens, Emilio Fede passou todo o jantar tocando em suas pernas e que, só 15 minutos após sentarem à mesa, algumas meninas descobriram os seios, oferecendo-se a Berlusconi, com quem trocaram carícias íntimas.
"Berlusconi mandou trazer uma estatueta. É uma espécie de caixinha. Da caixa sai um anão com um pênis grande. A estatueta tem as dimensões de uma garrafa de água de meio litro. O pênis é visivelmente desproporcional. Berlusconi faz circular a estatueta entre as meninas e pede que beijem o pênis", afirma Chiara.
As jovens afirmam que não se submeteram aos jogos e Ambra, quem tem como advogada a uma deputada da oposição do partido Itália dos Valores (IDV), explica que Berlusconi, ao ver que se sentiam desconfortáveis, foi até elas e convidou-as a mostrar algumas dependências de sua mansão para que se tranquilizassem.