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Dono do submarino desaparecido, que está a bordo, já afirmou que segurança é desperdício

Stockton Rush, que está dentro do submersível desaparecido, classificou os regulamentos como 'obscenamente seguros'

Submarino: A OceanGate foi alertada por um ex-funcionário quanto a problemas de "controle de qualidade e segurança" no submersível Titan (AFP/AFP)

Submarino: A OceanGate foi alertada por um ex-funcionário quanto a problemas de "controle de qualidade e segurança" no submersível Titan (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de junho de 2023 às 12h06.

Última atualização em 22 de junho de 2023 às 13h46.

Stockton Rush, fundador e CEO da OceanGate, empresa responsável pelo submarino 'Titan' que desapareceu no domingo após iniciar uma expedição rumo aos destroços do Titanic, afirmou em um podcast que "em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício". O empresário é um dos tripulantes que estão dentro do submersível perdido no Oceano Atlântico.

A declaração foi dada ao programa Unsung Science, do jornalista David Pogue, da CBS. O jornalista participou de uma viagem exploratória do Titan ao Titanic, em novembro do ano passado. Após o retorno, ele e o CEO conversaram no podcast. Na ocasião, Rush disse que havia um "limite" para a segurança.

"Você sabe, em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício. Quero dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama, não entre no seu carro, não faça nada. Em algum momento, você vai correr algum risco, e é realmente uma questão de risco-recompensa", afirmou Rush.

Em 2019, o CEO da OceanGate descreveu a indústria de submersíveis como "obscenamente segura" e reclamou que a regulamentação para este tipo de embarcação de passageiros atrasavam a inovação.

"É obscenamente seguro, porque eles têm todos esses regulamentos. Mas também não inovou ou cresceu – porque eles têm todos esses regulamentos", afirmou Rush à Smithsonian Magazine.

Ex-funcionário alertou sobre problemas do submarino

A OceanGate foi alertada por um ex-funcionário quanto a problemas de "controle de qualidade e segurança" no submersível Titan em 2018, segundo documentos judiciais obtidos pela imprensa americana.

De acordo com a revista The New Republic, a Ocean Gate processou David Lochridge, então diretor de operações marítimas da empresa, após ele supostamente divulgar informações confidenciais sobre o Titan. Lochridge, por sua vez, afirma ter sido demitido injustamente da companhia após levantar preocupações sobre a "recusa da empresa em conduzir testes críticos e não destrutivos" do Titan.

De acordo com Lochridge, os passageiros do submarino correriam perigo conforme o veículo atingisse temperaturas mais profundas por conta da pressão sobre a estrutura do Titan. No processo, Lochridge também detalhou uma reunião da equipe de engenharia da empresa, onde diferentes funcionários expressaram preocupação quanto a segurança do submarino.

O CEO da Ocean Gate, Stockton Rush, pediu, então, a Lochridge uma inspeção no Titan, mas, no processo, o então funcionário da empresa relata ter tido dificuldades em obter documentos necessários para a realização do trabalho.

O CEO da Ocean Gate, Stockton Rush, pediu, então, a Lochridge uma inspeção no Titan, mas, no processo, o então funcionário da empresa relata ter tido dificuldades em obter documentos necessários para a realização do trabalho.

"Os passageiros pagantes não teriam conhecimento e não seriam informados sobre esse projeto experimental, a falta de testes não destrutivos do casco ou que materiais inflamáveis ​​perigosos estavam sendo usados ​​dentro do submersível", diz um dos documentos do processo.

Resgate enfrenta desafios

Em uma corrida contra o relógio, equipes de resgate continuam na busca do submarino que desapareceu durante uma expedição aos destroços do Titanic, no profundo Atlântico Norte, no domingo. A operação, no entanto, enfrenta desafios logísticos que vão além dos pouco menos de dois dias de oxigênio disponível para os cinco passageiros a bordo da embarcação, como a capacidade dos equipamentos de resgate, a visibilidade no fundo do oceano e a área total de busca, que equivale a duas vezes a região metropolitana do Rio de Janeiro.

A operação está sendo realizada pelos Estados Unidos e Canadá, mas a França anunciou que também ajudará na operação. O navio francês deve chegar à área de buscas por volta das 21h (horário de Brasília) desta terça-feira.

O capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira americana, afirmou em coletiva de imprensa que a busca pela embarcação desaparecida é "muito complexa" e que as equipes estão "trabalhando sem parar".

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