Nobel de Paz: Trump recebe indicações formais
Agência de Notícias
Publicado em 28 de junho de 2025 às 16h18.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é formalmente um dos aspirantes ao Prêmio Nobel da Paz de 2025. Sua candidatura foi apresentada em duas ocasiões: a primeira pelo governo do Paquistão no último dia 21, e a segunda pelo congressista americano, o republicano americano Buddy Carter, que enviou uma carta a Oslo na última terça-feira.
Segundo os estatutos do Nobel, entre os habilitados a apresentar candidatos estão os membros das assembleias nacionais e os governos de Estados soberanos, o que se aplica em ambos os casos.
Que Trump persegue o Prêmio Nobel da Paz não é segredo para ninguém e, segundo seus argumentos, ele o merece tanto quanto ou mais do que Barack Obama, que o conquistou em 2009.
"Se eu me chamasse Obama, me entregariam o Prêmio Nobel em dez segundos”, disse Trump em outubro do ano passado, em um discurso em Detroit, e em fevereiro, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reforçou sua queixa:
Nunca me darão o Prêmio Nobel. É uma pena. Eu mereço, mas nunca o darão para mim".
Trump citou cinco conflitos insolúveis nos quais suas supostas habilidades como mediador ("fazedor de acordos") teriam conseguido o que parecia impossível: que terminassem "empatados", embora pareçam mais uma trégua frágil do que processos definitivos de paz — os confrontos entre Israel e Irã, entre Índia e Paquistão, entre República Democrática do Congo e Ruanda, e entre Egito e Etiópia.
"Fica difícil imaginar que lhe deem o Nobel – diz à Agência EFE Michael Hanna, do think tank Crisis Group – por se tratar de alguém que não se sente sujeito a obrigações internacionais; ao contrário, que demonstra um interesse particular em alterar a ordem internacional”, mas admite que, na história dos prêmios Nobel da Paz, houve alguns casos “pitorescos”.
Dito isso, Hanna reconhece que Trump, por seu próprio caráter, foi decisivo no último conflito entre Israel e Irã, porque “pela relação que tem com Israel, tem a capacidade de modular sua tomada de decisões, algo que Joe Biden não tinha”.
E, nesse sentido, a irritação que ele demonstrou publicamente com o Estado hebreu por seus ataques à nação persa, horas depois do anúncio do cessar-fogo, acabou sendo decisiva, reconhece.
Fora desse conflito em específico, o analista minimiza a importância do papel que Trump pode ter tido para pôr fim ao conflito entre Índia e Paquistão no último dia 10 de maio, lembrando que a própria Índia também desmentiu indiretamente Trump.
E com relação ao conflito entre Congo e Ruanda, Hanna acredita que ambos os países “estavam ansiosos por chegar a uma trégua” e Trump lhes ofereceu o cenário perfeito: uma cerimônia de fim das hostilidades que aconteceu ontem na Casa Branca, com toda pompa.
O analista expõe as motivações que movem Trump a se envolver nesses conflitos: em primeiro lugar, “a vaidade” e “a autopercepção como negociador e como um homem singularmente qualificado para encerrar conflitos”.
Mas não se pode esquecer seus interesses, que se traduzem na chamada “diplomacia transacional”: no caso do conflito entre República Democrática do Congo e Ruanda, não se deve ignorar seu apetite por minerais raros, abundantes no Congo e dos quais os Estados Unidos precisam urgentemente.
Essa mesma busca por minerais raros esteve por trás das pressões exercidas sobre o ucraniano Volodymyr Zelensky para que aceitasse o que parecia uma rendição diante da Rússia.
Mas, nesse conflito específico, as habilidades de mediador de Trump se mostraram insuficientes porque, mesmo contando com sua boa relação com Putin, as exigências deste último são inaceitáveis.
E quanto a Gaza, a suposta mediação de Trump surpreendeu o mundo inteiro quando ele “ofereceu” aos palestinos o autoexílio em países árabes que os receberiam com prazer — nenhum deles se dispôs a isso — enquanto prometia uma idílica “Riviera” palestina construída sobre os escombros da guerra, onde floresceriam os projetos imobiliários nos quais a família Trump sempre se movimentou com facilidade.