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Donald Trump: da paz com o papa Francisco ao terrorismo na Otan

O presidente dos Estados Unidos encontrou-se nesta quarta-feira (24) com o pontífice para falar sobre "promover a paz no mundo"

Donald Trump: o presidente e o pontífice defendem modelos econômicos e sociais opostos (Alessandra Tarantino/Pool/Reuters)

Donald Trump: o presidente e o pontífice defendem modelos econômicos e sociais opostos (Alessandra Tarantino/Pool/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de maio de 2017 às 16h34.

Última atualização em 24 de maio de 2017 às 16h37.

O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira no Vaticano, pela primeira vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem falou sobre "promover a paz no mundo", um dia antes da cúpula da Otan sobre a luta contra o terrorismo.

"Deixo o Vaticano mais decidido do que nunca a perseguir a paz em nosso mundo", tuitou Trump, após trocar com Francisco "pontos de vista" sobre "a promoção da paz no mundo através da negociação política e do diálogo inter-religioso", segundo a Santa Sé.

Acompanhado de sua esposa, Melania, vestida de preto e com um véu na cabeça, um sorridente presidente americano apertou a mão do pontífice na biblioteca das suntuosas salas do Vaticano, antes de conversar a sós com ele no gabinete particular do papa.

Durante este esperado encontro, O Vaticano informou que manifestou sua "satisfação" pelo "compromisso comum em prol da vida e da liberdade religiosa e de consciência", e pediu também "uma colaboração serena", inclusive em campos como a assistência aos imigrantes".

A expectativa sobre este encontro era alta, já que os dois líderes têm posições contrárias em temas como migração, mudança climática, venda de armas, pena de morte e islã - "obrigado, obrigado. Não esquecerei o que você me disse", assegurou Trump ao papa.

A condenação ao aborto, a eutanásia, o casamento gay são alguns dos chamados "valores não negociáveis" para a Igreja Católica com os quais Trump concorda com veemência.

Textos sobre a paz

A audiência privada durou meia hora, o tempo médio que o papa concede aos governantes. No final do encontro, Trump apresentou a delegação que o acompanhava, incluindo sua filha Ivanka, também vestida de preto mas sem o véu.

O encontro, marcado após meses de especulações sobre as dúvidas de Trump, aconteceu muito cedo, já que Francisco deveria presidir duas horas mais tarde a tradicional audiência geral de quarta-feira na Praça São Pedro, diante de milhares de peregrinos de todo o mundo.

O presidente e o primeiro pontífice de origem latino-americana defendem modelos econômicos e sociais opostos, com divergências sobre temas como a construção de um muro entre Estados Unidos e México contra a migração, a assistência aos pobres, as relações com o mundo islâmico ou a estratégia no Oriente Médio.

O papa aproveitou a oportunidade para presentear Donald Trump com um emblemático texto seu sobre a paz, intitulado de "A não violência, estilo de uma política para a paz", escrito por ocasião da Jornada Mundial da Paz 2017, com a esperança e que seja "um instrumento de paz", assegurou.

O presidente americano, por sua vez, deu ao papa uma série de livros de Martin Luther King, o pastor americano defensor dos direitos civis para os afro-americanos, entre eles um que foi assinado pelo renomado ativista.

"Vamos vencer esta luta"

Após a troca destes textos de paz, o presidente americano se encaminhou para Bruxelas, onde irá se reunir na manhã de quinta-feira com os líderes das instituições da União Europeia e, à tarde, com os mandatários da Otan.

Em sua primeira reunião da Aliança, Trump quer pedir a seus sócios um maior gasto militar nacional e para que a Otan se junte à coalizão internacional contra os extremistas do Estado Islâmico, um passo "realmente importante" para o chefe da Diplomacia americana, Rex Tillerson.

Um chamado que poderia se concretizar depois que os embaixadores dos 28 países da Otan concordaram, nesta quarta-feira à tarde, com a entrada da organização na coalizão, à qual pertencem seus membros a nível individual, segundo uma fonte diplomática.

Os presidentes devem confirmar isto na cúpula de quinta-feira.

"Quando veem o que aconteceu há alguns dias [o atentado em Manchester], se dão conta da importância de vencer esta luta. E vamos vencer esta luta", disse Trump ao primeiro-ministro belga Charles Michel, após se reunir com os reis belgas, Filipe e Matilde.

Enquanto isso, milhares de pessoas - 6.000, segundo a polícia, e 10.000, de acordo com os organizadores - se manifestavam nas ruas de Bruxelas contra a visita de Trump e a política da Otan.

Depois de visitar a Arábia Saudita, Israel e o Vaticano, a primeira viagem internacional de Trump continua em Bruxelas, de onde viajará na quinta-feira à noite para a cidade italiana de Taormina para uma cúpula do G7, realizada na sexta-feira e no sábado.

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