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Dominique Strauss-Kahn, o economista brilhante que cavou seu próprio túmulo

Socialista francês, Strauss-Kahn tinha uma grande carreira de economista e político antes do recente escândalo sexual

Graves acusações não se encaixam com a imagem de político arguto, economista brilhante e carismático orador (Wikimedia Commons)

Graves acusações não se encaixam com a imagem de político arguto, economista brilhante e carismático orador (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 16h20.

Washington - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que renunciou nesta quarta-feira em meio a um escândalo sexual, é um economista e político brilhante que se transformou em artífice de sua própria perdição.

Da mesma forma que os heróis trágicos das obras de Shakespeare, Strauss-Kahn desabou graças a uma "falha fatal" de sua personalidade.

O destacado socialista francês, que segundo as enquetes tinha tudo a seu favor para ser o próximo presidente de seu país, enfrenta agora a possibilidade de passar anos atrás das grades devido à suposta tentativa de estupro de uma camareira em Nova York.

Nascido em 25 de abril de 1949 no bairro parisiense de Neuilly-sur-Seine no seio de uma família judia progressista, o ex-ministro das Finanças francês desfrutara até agora de uma vida de bem-estar.

Seu pai, Gilbert Strauss-Kahn, era um assessor legal e promotor, e sua mãe, Jacqueline Fellus, uma jornalista de origem russo-tunisiana.

Seus primeiros anos transcorreram no Marrocos até que o terremoto de 1960 levou sua família a retornar a Paris, onde o jovem Strauss-Kahn, conhecido como DSK, cursou Direito e Economia.

Doutor em Economia pela Universidade de Paris, optou em um primeiro momento pela vida acadêmica que compaginou e alternou com sua carreira política.

Foi precisamente durante sua etapa como professor universitário que começou a construir a fama de "Grande Sedutor", como foi batizado pelo semanário francês "Le Journal du Dimanche".

"Tinha um verdadeiro poder de sedução", afirmou em declarações ao diário "The New York Times" um de seus ex-alunos, que assinalou que "havia sempre hordas de meninas esperando para falar com ele ao fim de suas classes".

Essa capacidade para seduzir as mulheres se tornou seu calcanhar de Aquiles, segundo Philippe Martinat, autor do livro "DSK-Sarkozy: o duelo", que assegura que essa sua fraqueza era muito conhecida.

Casado em terceiras núpcias com a jornalista francesa nascida nos EUA Anne Sinclair e pai de quatro filhas, manteve uma relação extraconjugal com uma subordinada em 2008, a economista húngara Piroska Nagy.

Uma investigação concluiu que Strauss-Kahn não abusou de sua posição no FMI e que a relação havia sido de mútuo acordo. Na ocasião, DSK pediu desculpas publicamente pelo ocorrido.

Sua mulher, por sua vez, se mostrou compreensiva: "Estas coisas acontecem na vida de qualquer casal", disse Anne Sinclair.

O suposto abuso sexual que levou à sua renúncia fez com que fossem divulgados outros casos do passado.


A jornalista e escritora francesa de 31 anos Tristane Banon disse publicamente que Strauss-Kahn tentou violentá-la em 2002 e antecipou que o processará.

Essas graves acusações não se encaixam com a imagem de político arguto, economista brilhante e carismático orador, capaz de fazer brilhar os mais opacos temas macroeconômicos.

"Estou espantada. É incrível. Nunca vi alguém tão inteligente como ele", disse à Agência Efe uma alta funcionária do Banco Mundial em uma surpresa que reflete bem a perplexidade nos altos círculos políticos e econômicos frequentados por DSK.

O até agora diretor-gerente do FMI foi ministro da Indústria da França entre 1991 e 1993 e das Finanças entre 1997 e 1999.

Strauss Kahn substituiu o espanhol Rodrigo de Rato à frente do FMI em 2007, quando aspirava fazer frente a Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais francesas, mas acabou derrotado por Ségolène Royal à hora de obter a candidatura de seu partido.

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