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Domingo tem novos confrontos na fronteira da Venezuela com o Brasil

Os venezuelanos jogaram pedras contra os militares, que revidaram atirando com bombas de gás

Confronto: general brasileiro tenta impedir conflito na fronteira (Ricardo Moraes/Reuters)

Confronto: general brasileiro tenta impedir conflito na fronteira (Ricardo Moraes/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 14h25.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 às 15h47.

Roraima — Um novo confronto entre manifestantes e o exército da Venezuela foi registrado na tarde deste domingo (24) na região de Pacaraima (RR).

O conflito começou quando manifestantes venezuelanos do lado brasileiro cruzaram a fronteira e jogaram pedras em uma coluna da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que estava a cerca de 400 metros do marco fronteiriço.

A partir desse momento, os cerca de 50 membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) agiram para dispersar a multidão com bombas de gás lacrimogêneo.

Em torno desses exaltados havia cerca de 40 curiosos que observavam a cena na área neutra, situada a 600 metros do posto fronteiriço venezuelano.

Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas que estavam na divisa entre os dois países se afastaram da região correndo, assim que o conflito começou.

Imagens da região mostram os militares brasileiros, que estão na fronteira, orientam os venezuelanos a deixarem a área de confronto.

Após alguns minutos de enfrentamento, um militar do Brasil se colocou em meio à linha de fogo, fazendo gestos para que os ataques cessassem. Na sequência, as partes se afastaram. 

Fontes não oficiais disseram que durante a última madrugada cerca de 50 veículos com agentes policiais chegaram ao posto fronteiriço venezuelano para reforçar a segurança.

Por enquanto, não há nem sinal das duas caminhonetes, carregadas com alimentos e remédios de Brasil e Estados Unidos, que ontem chegaram ao local com a intenção de entrar no país vizinho, sem sucesso.

Dias de conflito

Este é o terceiro dia de confronto, desde que o presidente venezuelano Nicolás Maduro ordenou o fechamento da fronteira, na quinta-feira (21).

Até agora, cinco mortes foram registradas: duas na sexta (22) e outras três no sábado (23)

Na noite deste sábado (23), dia em que a ajuda humanitária entraria na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando aos países de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano.

Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países.

Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, retornaram para os territórios colombiano e brasileiro.

Na região de fronteira em Pacaraima (Roraima), venezuelanos radicados no Brasil passaram para o lado da Venezuela, queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta.

A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países.

Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra.

Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a.

Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) agiram para acalmar a situação.

Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima e, em seguida, para o território venezuelano.

Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que "não temia violência". Após a confusão, ele apenas lamentou. "Não precisamos disso."

Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante a tarde, mas após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, voltaram para Pacaraima.

(Com Estadão Conteúdo)

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