Painel mostra cotação do iene frente ao dólar, em 19 de novembro, em Tóquio (Kazuhiro Nogi/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 15h41.
Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 15h44.
Em 2026, o mundo deverá ver um avanço ainda maior da fragmentação da globalização. Com isso, os países vão se reunir cada vez mais em blocos e em áreas de influência. Neste cenário, o uso do dólar deve ter uma ligeira queda, avalia Alexandre Zanuto, market manager do banco J.P. Morgan no Brasil.
"É um cenário onde o dólar perde um pouco de força no cenário global. O dólar ainda é a posição mais segura e vai continuar sendo. Mas a gente acha que o mercado e os investidores vão começar a procurar qual é a próxima moeda", diz Zanuto, em conversa com a EXAME.
Como exemplo deste movimento, ele aponta que o ouro teve um recorde de valorização em 2025, pois foi buscado como alternativa à moeda americana.
"Não quer dizer que eles [investidores] não tenham mais moeda americana, mas eles diminuíram o treasury [títulos dos EUA] e, compraram ouro. Como reflexo disso, o ouro subiu pelo menos 50% este ano, e ainda tem espaço para uma alta significativa em 2026", afirma.
"O ouro é uma forma de diversificar do dólar e de ter alguma proteção geopolítica se algo acontecer", diz Zanuto.
O gerente aponta que, neste contexto, a segunda moeda mais buscada pelos clientes é o euro.
Neste ano, houve conversas entre os membros do Brics, bloco que inclui Brasil e China, para aumentar o volume de transações em moedas próprias, que não o dólar.
Em seguida, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou tomar medidas contra países que tomem medidas que, na visão deles, possam enfraquecer o domínio global do dólar.
O J.P. Morgan divulgou nesta quarta-feira, 19, seu relatório Outlook 2026, chamado "Promise and Pressure", (Promessa e Pressão), que aponta que o ano de 2026 será marcado por três movimentos principais.
São eles o avanço do uso de inteligência artificial pelas empresas, uma inflação ainda persistente e um mundo em que a globalização deu lugar a um cenário fragmentado, com o planeta dividido em blocos.
"A IA está transformando a maneira como trabalhamos, investimos e pensamos. Com a inovação, vêm a empolgação, mas também o risco de euforia excessiva", diz o relatório.
O material destaca, ainda, que a fragmentação geopolítica — a divisão em blocos que competem globalmente e cadeias de suprimentos estilhaçadas— está remodelando a ordem global e exigindo maior atenção à resiliência e à segurança.
"A inflação não segue mais o antigo padrão. Ela está mais frequentemente acima das metas dos bancos centrais, e o aumento da volatilidade exige uma nova mentalidade dos investidores", afirma o estudo.