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Argentina: dólar paralelo segue acima de 1.000 pesos e presidente processa Milei

Cotação da moeda americana disparou depois que candidato deu declarações xingando a moeda local e reafirmando planos de abandoná-la

Javier Milei: candidato fez ataques ao peso nos últimos dias (Erica Canepa/Bloomberg/Getty Images)

Javier Milei: candidato fez ataques ao peso nos últimos dias (Erica Canepa/Bloomberg/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 11 de outubro de 2023 às 15h12.

Última atualização em 11 de outubro de 2023 às 15h27.

A cotação do dólar paralelo na Argentina se mantém acima de 1.000 pesos nesta quarta-feira, 11, um dia depois de atingir seu recorde histórico. Por volta das 14h20, a moeda americana no mercado informal, chamado de dólar blue, era de 1.015 pesos por dólar para venda. Em um dia de bastante volatilidade, o blue abriu o dia a 1.010 pesos, chegou a 1.030 e depois recuou.

O governo argentino, sob comando do presidente Alberto Fernández, culpa Javier Milei, candidato ultraliberal às eleições presidenciais, que lidera as pesquisas e promete acabar com o peso e dolarizar a economia argentina.

Nesta quarta, 11, Fernández entrou na Justiça contra Milei, por acusá-lo de intimidação pública. A ação judicial cita falas do candidato em uma entrevista a uma rádio argentina. Na segunda, 9, ele disse, em resposta a um questionamento sobre investimentos com a moeda nacional, "Jamais em pesos, o peso é uma moeda que não vale nem como esterco, esses lixos não valem nem como adubo", afirmou.

No processo, Fernández defende que as falas "constituem uma afronta severa ao sistema democrático que nos rege como país, redudando em uma gravidade institucional inusitada para a República". O caso será analisado pela Justiça Federal do país.

"A casta tem medo. A liberdade avança. Viva a liberdade, c******", escreveu Milei em uma rede social, após ser processado.

Na semana passada, Milei disse que "quanto mais alto estiver o dólar, mais fácil é dolarizar". O candidato defende acabar com o peso e usar o dólar como moeda oficial da Argentina. No entanto, economistas alertam que essa medida deixaria o governo com menos opções para lidar com a inflação e com crises econômicas, e que, para dolarizar um país, é preciso ter uma enorme quantidade de moeda americana. A Argentina tem escassez de dólares e enfrenta dificuldades para honrar compromissos externos. Milei tem dito que conseguiria obter a soma necessária para a dolarização, mas não detalhou como faria.

O Banco Central do país disse que o sistema financeiro argentino está sólido e solvente. Em agosto, o BC desvalorizou o peso, e desde então mantém uma taxa fixa, de US$ 365,50 por peso, mas para obter a moeda americana por essa cotação é preciso atender a uma série de condições, que na prática fazem com que poucos argentinos consigam obter a moeda americana por esse valor.

Eleições na Argentina

O primeiro turno da eleição presidencial na Argentina será realizado em 22 de outubro. Segundo um compilado das últimas pesquisas divulgadas entre o fim de agosto e 1º de outubro, elaborado pelo jornal "El País", Milei tem atualmente 35,3% dos votos, ante 30% de Sergio Massa, candidato governista e de esquerda, e 25,9% de Patrícia Bullrich, de centro-direita e ligada ao ex-presidente Mauricio Macri (2015-19). 

Se os percentuais se mantiverem, haverá segundo turno entre Milei e Massa, a ser disputado em 19 de novembro. No domingo, 8, houve o segundo e último debate entre os candidatos, marcado por uma série de ataques entre eles.

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