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Dois jornalistas são mortos em 24 horas na Síria

O jornalista francês de origem belga, Yves Debay, foi morto por um atirador emboscado, enquanto realizava uma reportagem em Aleppo, no norte da Síria


	Antes de entrar para a rede de TV do Qatar, o jornalista morto militava contra o regime do presidente Bashar al-Assad
 (AFP)

Antes de entrar para a rede de TV do Qatar, o jornalista morto militava contra o regime do presidente Bashar al-Assad (AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 20h48.

Damasco - Um jornalista sírio e um francês morreram na Síria, onde a violência ainda deixou pelo menos 119 mortos nesta sexta-feira, enquanto a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos voltou a pedir que o Conselho de Segurança leve ao TPI os crimes cometidos no país.

O jornalista francês de origem belga, Yves Debay, foi morto por um atirador emboscado, enquanto realizava uma reportagem em Aleppo, no norte da Síria, onde cerca de 20 jornalistas profissionais, estrangeiros e sírios, e 44 cidadãos-jornalistas foram mortos em 22 meses, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras.

Ele morreu no extremo norte da metrópole, onde violentos combates eram travados entre rebeldes e soldados, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Fotos e vídeos que mostram seu cadáver com uma marca de tiro na cabeça, assim como sua credencial de imprensa do Ministério francês da Defesa, foram postados na internet por militantes anti-regime que acusam as tropas do regime de ser responsável por sua morte. Debay, de 58 anos, trabalhava para a Assaut, uma revista especializada em assuntos militares.

O presidente francês, François Hollande, expressou "em nome da França, sua tristeza" por sua morte e "condenou este ato odioso".


Um correspondente sírio da Al-Jazeera também foi morto nesta sexta na Síria.

"Mohammad Hourani foi morto a tiros por um atirador emboscado do regime em Basr al-Harir na província de Deraa, onde cobria os confrontos", segundo a rede de televisão via satélite do Qatar.

Antes de entrar para a rede do Qatar, Hourani, de 33 anos, militava contra o regime do presidente Bashar al-Assad, de acordo com a rede.

"5.000 mortos por mês"

A violência deixou nesta sexta-feira pelo menos 119 mortos em toda a Síria, incluindo 93 civis, segundo o OSDH.

"Pedi ao Conselho para levar este conflito ao TPI para que investigue os crimes de guerra e os crimes contra a Humanidade", disse a alta comissária da ONU dos Direitos Humanos, Navi Pillay, depois de ter apresentado ao Conselho um relatório sobre a situação na Síria.

Pillay indicou que o número de mortes "atingiu 60.000" e ressaltou a intensificação das perdas humanas. "Antes, eram 1.000 mortos por mês, agora são 5.000 por mês".


Pelo fato de a Síria não aderido à criação do TPI, uma intervenção do Conselho é necessária para que o Tribunal seja acionado, o que parece altamente improvável, já que Moscou e Pequim apoiam seu aliado sírio.

No terreno, combates de uma violência sem precedentes foram travados entre combatentes curdos sírios e cerca de 300 combatentes islamitas vindos da Turquia perto do posto fronteiriço de Rass al-Ain, em poder dos rebeldes, segundo o OSDH.

"Membros de grupos armados ligados à Frente (jihadista) Al-Nusra atravessaram a fronteira turca com três blindados para entrar em Rass al-Aïn" na quinta-feira, indicou à AFP um militante anti-regime, que se identificou como Havidar.

Os curdos conseguiram tomar nesta sexta um desses tanques da Frente Al-Nusra, recentemente incluída por Washington em sua lista de grupos terroristas por seus supostos vínculos com a Al-Qaeda, acrescentou.

Desde o início do conflito, os curdos tentam se manter fora da guerra, mas foram acusados pelos rebeldes de fazer o jogo do regime, que retirou suas tropas sem resistência de várias regiões curdas.

Perto da capital, a aviação efetuou ataques contra diversas localidades da província de Damasco, indicou o OSDH, enquanto militantes indicaram que o Exército havia enviado novos reforços a Daraya para tenta retomar esta cidade estratégica do sudoeste da capital.

Como em todas as sextas-feiras nos últimos dois anos, manifestações contra o regime são realizadas em várias cidades, desta vez em apoio à Universidade de Aleppo, onde bombardeios deixaram 87 mortos na terça. Regime e rebelião se acusam mutuamente por esse ataque.

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