Equipe forense trabalha perto do corpo de Gisela Gaytan, candidata à prefeitura de Celaya, após a política ter sido baleada durante um comício de campanha em San Miguel Octopan, no estado de Guanajuato, México, em 1º de abril de 2024 (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de abril de 2024 às 18h42.
Última atualização em 2 de abril de 2024 às 18h59.
Uma candidata à prefeitura de um município no conturbado estado mexicano de Guanajuato (centro) foi morta a tiros juntamente com um candidato ao Legislativo municipal, um crime que foi condenado nesta terça-feira, 2, pelo presidente Andrés Manuel López Obrador.
Horas após o ataque, o Ministério Público do estado de Celaya confirmou que a vítima havia sido a candidata à prefeitura pelo partido Morena, Gisela Gaytán.
Nesta terça-feira, as autoridades confirmaram que Adrián Guerrero, que concorria a uma vaga no legislativo municipal, morreu em decorrência dos ferimentos sofridos durante o ataque.
"É um dia triste porque ontem assassinaram a candidata à prefeitura de Celaya. Estes acontecimentos são muito lamentáveis, há pessoas que lutam para fazer valer a democracia", disse López Obrador no início de sua coletiva de imprensa matinal.
A candidata foi assassinada na tarde de segunda-feira na comunidade de San Miguel Octopan, em Celaya, onde se reunia com apoiadores. Durante a visita, após passar por um jardim da cidade, foram ouvidas diversas explosões que causaram pânico na multidão, segundo imagens das câmeras de segurança do local.
"A candidata à prefeitura (...) foi assassinada com tiros de armas de fogo e mais três pessoas ficaram feridas", detalhou o comunicado do Ministério Público estadual. Guerrero, que foi atingido por um dos disparos, morreu posteriormente em um hospital.
Na segunda-feira, o governador de Guanajuato, Diego Sinhue, do partido conservador PAN, disse na rede social X que o ataque contra Gaytán "não ficará impune".
Ele acrescentou que o governo do estado coordenará esforços para que os candidatos a cargos públicos tenham proteção das autoridades.
Gaytán tinha acabado de iniciar sua campanha eleitoral na segunda-feira com uma coletiva de imprensa na qual anunciou que o seu partido havia solicitado proteção para a campanha.
López Obrador indicou em sua coletiva de imprensa que recomendou a Sinhue que destituísse o promotor de Guanajuato devido à ausência de "resultados". Este estado é considerado o mais violento do México, com mais de 3 mil homicídios em 2023, o maior número do país.
Também afirmou que a candidata não teria recebido a segurança por parte do governo do estado, reforçando que este é um fato que deve ser investigado.
Celaya é uma das áreas de Guanajuato com presença do cartel de Santa Rosa de Lima, em guerra contra o Jalisco Nueva Generación, considerado um dos grupos criminosos mais poderosos do país.
Em coordenação com as autoridades eleitorais, o governo federal oferece proteção aos candidatos à Presidência, ao Congresso e a nove governos estaduais.
As autoridades locais devem responder às solicitações dos candidatos a cargos estaduais e municipais.
Segundo um relatório da Presidência, até segunda-feira foram apresentados 108 pedidos de segurança, dos quais 86 já foram atendidos.
A violência ligada ao crime organizado que atinge o México afeta políticos de diversos partidos, sobretudo aqueles que ocupam ou concorrem a cargos municipais e estaduais.
No último sábado, 30, o prefeito do município de Churumuco, no estado de Michoacán (oeste), Guillermo Torres, foi assassinado.
De 4 de junho de 2023 a 26 de março de 2024, 50 pessoas foram assassinadas em "episódios de violência eleitoral", das quais 26 concorriam a cargos eleitorais, segundo a consultoria Laboratório Eleitoral.
Desde dezembro de 2006, quando o governo federal lançou uma controversa ofensiva militar contra as drogas, mais de 420 mil pessoas foram assassinadas no México, a maioria delas vítimas de atos criminosos, segundo dados oficiais.