Afeganistão: os atentados deixaram dezenas de feridos (Omar Sobhani/Reuters)
AFP
Publicado em 17 de setembro de 2019 às 14h46.
Pelo menos 48 pessoas morreram nesta terça-feira (17) em dois atentados suicidas no Afeganistão, um deles perto de um comício do presidente Ashraf Ghani, na província de Parwan, região central do Afeganistão.
No primeiro deles, em Parwan, "um homem-bomba em uma motocicleta se explodiu perto do primeiro posto de controle que dava acesso a um comício eleitoral em Charikar", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Nasrat Rahimi.
"Morreram 26 pessoas, e houve 42 feridos", completou o porta-voz.
Fontes médicas informaram que há mulheres e crianças entre as vítimas.
Segundo Wahida Shahkar, porta-voz da província, "a explosão ocorreu quando Ghani estava se dirigindo a seus partidários. Ele está a salvo".
A porta-voz acrescentou que ninguém de sua equipe foi atingido.
Este foi o mais sangrento ataque desde o início da campanha eleitoral no final de julho, quando um atentado à sede de um partido ligado a Ghani deixou 20 mortos.
Outro atentado suicida aconteceu hoje, uma hora depois, no centro de Cabul, perto da embaixada dos Estados Unidos. O local já havia sido alvo de outro ataque reivindicado pelos talibãs em 5 de setembro e que teve um balanço de 12 mortos.
Em um comunicado divulgado nesta terça, o Ministério do Interior anunciou que "22 pessoas, entre elas seis membros das forças de segurança, morreram, e outras 38 ficaram feridas neste atentado terrorista".
Ao reivindicarem a autoria de ambos os atos, os talibãs lembraram que, no início da campanha eleitoral, advertiram a população a não participar dos comícios. À época, disseram que fariam todo o possível para boicotar a disputa presidencial, na qual o presidente Ghani busca a reeleição.
O pleito está previsto para acontecer em 28 de setembro.
"Nós avisamos. Se agora estão sofrendo baixas, é sua responsabilidade", disseram em um comunicado.
Os insurgentes não conferem qualquer legitimidade às autoridades afegãs de Cabul, com as quais sempre rejeitaram qualquer tipo de diálogo.
Especialistas e observadores concordam em que existe um alto risco de que a violência aumente, devido à recente decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de cortar suas negociações com os talibãs para uma retirada progressiva de suas forças. Trump recuou no diálogo, depois que um soldado americano morreu em um atentado em 5 de setembro, em Cabul.
O acordo negociado entre os talibãs e Washington previa o início da retirada das tropas americanas em troca de garantias antiterroristas, de uma "redução da violência" e de negociações diretas de paz dos insurgentes com Cabul.
O Exército dos EUA está presente no Afeganistão desde 2001, quando expulsou os talibãs do poder. Hoje, cerca de 13 mil soldados americanos se encontram estacionados neste território.