Mundo

Divididos, os europeus querem armar-se ante crises

Principais líderes do continente se reunem para a criação de um mecanismo permanente de ajuda financeira na zona do euro

Grécia e Irlanda já tiveream que receber em 2010 por causa de crises (AFP)

Grécia e Irlanda já tiveream que receber em 2010 por causa de crises (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2010 às 13h52.

Bruxelas - Dirigentes da UE participam nesta quinta-feira de uma reunião de cúpula para dotar a região de meios para resistir de forma duradoura a crises sistêmicas na zona do euro (que reúne os 16 países que adotam o euro como moeda) e nos países do bloco que ainda adotam moedas nacionais; mas permanecem divididos em relação a respostas imediatas, ao final de um ano tumultuado, marcado pelos planos de resgate da Grécia e da Irlanda.

A reunião de chefes de Estado e de governo, a sétima do ano, será concluída nesta sexta-feira.

"Quero que a Europa hoje e amanhã prove sua vontade de fazer tudo para assegurar a estabilidade financeira da zona do euro", destacou o chefe dos ministros das Finanças da União Monetária, Jean-Claude Juncker.

"Quero que um sinal claro e decisivo seja enviado para a Europa e também para o euro", afirmou a chanceler alemã Angela Merkel.

Concretamente, a reunião deverá estabelecer um compromisso de mudança limitada do tratado em vigor na União Europeia para criar um mecanismo permanente de solidariedade financeira na zona do euro.

A União Europeia já havia anunciado há meses, em Bruxelas, a criação de um fundo, chamado, por enquanto, de "mecanismo de estabilização".

A mudança do texto, em vigor há apenas um ano, é condição imposta pela Alemanha para aceitar tornar perene o mecanismo de socorro em favor dos países em dificuldade.

Uma cláusula do tratado, o artigo 136 sobre o funcionamento da zona do euro, será, provavelmente, ampliado, no ano que vem.

Durante a cúpula, os dirigentes deverão apresentar caminhos para que sejam finalizados os contornos do futuro mecanismo.

Escaldada pela crise grega da primavera, a UE já colocou em prática um mecanismo de empréstimos ou de garantias no valor de 440 bilhões de euros, em recursos dos países-membros da União Europeia. O valor será mobilizado para uso eventual, em caso de turbulência sistêmica, e posto à disposição por meio de contratos de empréstimos bilaterais e de garantias, expirando em meados de 2013, como parte de um dispositivo mais amplo, de 750 bilhões de euros, incluindo o FMI e a UE.

Para sucedê-lo, foi decidido colocar em prática um dispositivo permanente, a fim de tranquilizar os mercados sobre a capacidade de reação da zona do euro. Após a Grécia e a Irlanda, a Espanha, Portugal e a Bélgica aparecem vulneráveis aos olhos do mercado.

Principal novidade do mecanismo: os bancos e fundos privados detentores da dívida pública poderão contribuir para o resgate de um país em dificuldades, uma questão a ser examinada caso a caso.


Para evitar um contágio da crise, alguns dirigentes querem ir mais longe. Mas os europeus permanecem divididos em relação à oportunidade de aumentar os recursos do mecanismo atual de apoio, assim como os meios do instrumento que vai sucedê-lo.

"Temos necessidade de um mecanismo mais amplo a partir de 2013", considerou o ministro das Finanças, Didier Reynders, da Bélgica, país que preside a UE. Berlim recusa-se, por enquanto, a examinar esta proposta.

Alguns dirigentes da cúpula europeia, entre eles o luxemburguês Jean-Claude Juncker, querem por sua vez criar as "euro-obrigações", empréstimos de Estado comuns para dividir os riscos entre os países e proteger os mais fracos.

Disso, também, a Alemanha, que goza de maior credibilidade nos mercados obrigatórios, não quer nem ouvir falar. E a França considera que ainda é muito cedo para discutir o assunto.

"É o começo do debate", considerou Reynders. "Iniciamos o processo e no final, talvez, tenhamos as euro-obrigações", estimou.

No imediato, a calma precária registrada nos mercados deve-se, sobretudo, à ação do BCE, que compra em massa obrigações dos países frágeis da zona do euro.

Paar tranquilizar sobre sua capacidade, a instituição monetária decidiu nesta quinta-feira dobrar seu capital a 10,76 bilhões de euros.

O assunto também está sendo abordado durante a cúpula, da qual participa o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasEuropaUnião Europeia

Mais de Mundo

Trump nomeia Keith Kellogg como encarregado de acabar com guerra na Ucrânia

México adverte para perda de 400 mil empregos nos EUA devido às tarifas de Trump

Israel vai recorrer de ordens de prisão do TPI contra Netanyahu por crimes de guerra em Gaza

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação