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Divergências sobre Sakineh não afetam relação com Brasil, diz assessora de Ahmadinejad

Brasília – Alvo de críticas internacionais, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou uma mulher para representá-lo na posse de Dilma Rousseff. A escolhida é a presidenta da Organização Iraniana de Assuntos das Mulheres e da Família, Mrayam Mojtahed-zade, de 52 anos. A entidade é equivalente à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do […]

Sakineh Mohammadi-Ashtiani (AFP)

Sakineh Mohammadi-Ashtiani (AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2010 às 15h27.

Brasília – Alvo de críticas internacionais, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou uma mulher para representá-lo na posse de Dilma Rousseff. A escolhida é a presidenta da Organização Iraniana de Assuntos das Mulheres e da Família, Mrayam Mojtahed-zade, de 52 anos. A entidade é equivalente à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Brasil.

Com um manto negro dos pés à cabeça, Mrayam disse à Agência Brasil que as divergências sobre o caso da viúva iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani não afetam as relações entre o Irã e o Brasil.

Para Mrayam, o caso da viúva é uma “coisa pequena” em comparação às afinidades que unem os dois países. “Brasil e Irã têm pontos de vistas comuns e essas pequenas coisas não interferem”, afirmou ela, acrescentando que Sakineh é acusada de homicídio e que a sentença final não foi promulgada. “No Brasil, como vocês tratam os homicidas? Não há uma punição para este tipo de crime?”, perguntou Mrayam.

A iraniana considerou um “exagero” o posicionamento do Ocidente em torno do caso Sakineh e do que ocorre no Irã e acusou o mundo ocidental de querer mascarar suas deficiências. “O Ocidente tem muitos problemas e exalta o que ocorre no Irã para disfarçar suas dificuldades.”

Em setembro, Dilma criticou o governo Ahmadinejad ao discordar da sentença de morte dada à viúva iraniana de 43 anos. Sakineh é acusada de infidelidade e participação no assassinato do marido. "Eu sou radicalmente contra o apedrejamento", disse então Dilma. "Entendo que é uma coisa muito bárbara."

Mrayam minimizou a reação da presidenta eleita informando que é necessário compreender que os países têm legislações próprias e formas diferenciadas de sistema judiciário. “Cada país tem suas leis para sua segurança. Se as entidades de defesa dos direitos humanos são tão boas, devem ser boas para todos e não apenas em um caso”, disse.

Como exemplo, Mrayam citou o caso do marido, um diplomata que servia em Beirute (no Líbano), onde foi sequestrado por militares estrangeiros durante o trabalho, há 28 anos. “Será que alguma destas entidades [de defesa dos direitos humanos] se preocupa com o desaparecimento de homens iranianos capturados por forças estrangeiras, como ocorreu com meu marido?”, questionou.

“Minha sogra morreu esperando a chegada do filho que nunca aconteceu. Este é um caso comum no Irã. Quem responde por isso?”, perguntou. Mrayam acredita que a autoria do sequestro do marido seja de militares israelenses.

O caso de Sakineh chamou a atenção internacional e virou uma espécie de emblema, mobilizando autoridades, artistas e intelectuais, além de representantes de entidades humanitárias do mundo inteiro, na tentativa de evitar a execução da sentença de morte.

Considerada culpada de adultério pela Justiça iraniana, a viúva foi condenada à morte, inicialmente por apedrejamento, mas a pena acabou sendo suspensa no início de setembro e o caso ainda está em discussão. Ao longo do processo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a libertação de Sakineh e ofereceu asilo para ela ficar no Brasil. Em resposta, o governo Ahmadinejad classificou o Brasil como "desinformado" sobre o caso.

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