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Divergência no Chipre sobre resgate da UE adia ratificação

Credores internacionais pediram ao país a adoção de uma taxa inédita de 6,75% a todos os depósitos bancários de menos de 100.000 euros e de 9,9% para as contas acima deste valor

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2013 às 14h09.

O governo do Chipre adiou para segunda-feira o debate parlamentar sobre o plano de resgate negociado com a União Europeia (UE), em consequência das dúvidas dos deputados a aprovar um texto que impõe uma inédita taxa sobre os depósitos bancários em troca de um empréstimo de 10 bilhões de euros.

Os credores internacionais pediram ao país a adoção de uma taxa excepcional e inédita de 6,75% a todos os depósitos bancários de menos de 100.000 euros e de 9,9% para as contas acima deste valor.

As taxas, que devem arrecadar 5,8 bilhões de euros, serão aplicadas a todas as pessoas que vivem nesta ilha do Mediterrâneo.

Os ativos bancários do Chipre são oito vezes superiores ao Produto Interno Bruto (PIB). O Chipre, onde muitas empresas offshore têm suas sedes, apresenta os impostos para empresas mais vantajosos da UE.

O presidente Nicos Anastasiades também adiou para segunda-feira o discurso que pretendia fazer no Parlamento e, a princípio, uma mensagem à nação para defender o plano de ajuda, que chamou de "doloroso".

Mas um porta-voz da presidência informou que Anastasiades decidiu pronunciar o discurso à nação na noite deste domingo.

Com o adiamento, os bancos da ilha poderão permanecer fechados mesmo após a segunda-feira, feriado no Chipre.

Os parlamentares se reunirão na segunda-feira para debater a ratificação do acordo, depois que foram previamente informados pelo presidente Anastasiades, informou a televisão estatal.

O debate parlamentar foi adiado para que os congressistas tenham todas as informações sobre o plano.

De acordo com o canal privado Sigma TV, Anastasiades tem dificuldades para garantir a maioria simples de apoio ao texto no Parlamento, onde seu partido, Disy (direita), tem apenas 20 das 56 cadeiras. O partido comunista Akel (19 deputados) rejeitou as contrapartidas exigidas por Bruxelas em troca da ajuda ao Chipre quando estava no poder, até a eleição de Anastasiades em fevereiro. Até os aliados do presidente na atual coalizão de governo manifestam dúvidas a respeito do plano de resgate.

O Bank of Cyprus, o principal banco do país, particularmente afetado por sua exposição à crise grega, classificou as decisões anunciadas em Bruxelas de "dolorosas e surpreendentes", ao mesmo tempo que considerou "perfeitamente compreensível que a opinião pública esteja inquieta".
Para Hubert Faustmann, analista político alemão radicado no Chipre, "aqueles que aproveitam a condição de paraíso fiscal da ilha e que podem aproveitar para lavar dinheiro pagarão sua parte, o que deve satisfazer a opinião pública alemã, mas estas medidas também afetam toda a população".

Para o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, "a solução tem que ser socialmente aceitável".

"Deveria ser corrigida, por exemplo, com uma isenção de impostos limitada a 25.000 euros", disse ao jornal alemão Welt am Sonntag's.

Na noite de sábado, mais de 100 pessoas protestaram diante do palácio presidencial cipriota. Na manhã deste domingo, dezenas de policiais foram enviados para a entrada do Parlamento.

Na Espanha, onde milhares de pessoas protestaram no sábado em Madri e em outras cidades para exigir uma "Europa das pessoas contra a UE dos mercados", convocadas pelo movimento dos indignados, que critica a incapacidade dos dirigentes para sair da crise, também foi ouvido o grito, em referência ao Chipre, de "Não devemos, não pagamos".

O candidato derrotado na eleição presidencial cipriota de fevereiro, George Lillikas, que fez campanha contra o plano de resgate, convocou protestos para terça-feira.

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