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Dissidências das Farc anunciam cessar-fogo durante a COP16 na Colômbia

Comitê da cúpula, que espera receber mais de 12 mil visitantes, expositores e diplomatas de 90 países, prometeu garantir a segurança do evento

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Agência de notícias

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 15h31.

Última atualização em 1 de agosto de 2024 às 16h18.

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As dissidências da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram, nesta quinta-feira, um cessar-fogo durante a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), que acontecerá entre 21 de outubro e 1º de novembro, em Cali, na Colômbia.

"Para garantir o desenvolvimento da COP16, decretamos a suspensão de operações militares contra a força pública na cidade de Cali, entre 11 de outubro e 6 de novembro", informou o comunicado das dissidências, que se distanciaram dos acordos de paz de 2016 assinados por grande parte das Farc.

Ao lado de uma bandeira colombiana e acompanhado de homens armados com fuzis, o comandante do chamado Estado-Maior Central (EMC), Andrés Patiño, anunciou a medida em um vídeo veiculado nas redes da organização.

O grupo de dissidentes que anunciou a trégua está sob o comando de Iván Mordisco, líder rebelde que começou um acordo de paz no ano passado, mas abandonou a mesa em abril. Depois dessa decisão do líder guerrilheiro, metade da EMC apresentou diálogos, enquanto a outra parte intensificou os ataques com explosivos, principalmente em regiões próximas de Cali.

"Não se vê com bons olhos que, enquanto lideramos e discutimos temas ambientais a nível internacional, o militarismo no nosso país continua se impondo sobre as vidas", acrescentou o comandante do Bloque Jacobo Arena, uma divisão do EMC, que rompeu as negociações de paz que mantinham com o governo de Gustavo Petro.

Os bairros ao redor da terceira maior cidade da Colômbia, de 2,2 milhões de habitantes, foram palco de violência por parte dos rebeldes antes da COP16.

Em meio à ofensiva, no dia 16 de julho, eles lançaram uma ameaça ao presidente Gustavo Petro: "A COP16 fracassará ainda que militarize com os gringos a cidade", alertou o grupo rebelde, na época.

COP16 sob ameaças

Ataques com explosivos, tiroteios e ameaças mantêm sob terror vários municípios dos departamentos do Valle del Cauca. Desde 2023, bastiões do EMC registram um aumento nos números de crimes violentos, como o homicídio e extorsão.

Entre as cidades próximas de Cali mais afetadas está o município de Jamundí, com cerca de 130 mil habitantes, localizado a 1 hora da sede da COP16. Segundo a AFP, moradores afirmam que os ataques armados e os confrontos se tornaram constantes nas regiões.

O comitê da cúpula, que espera receber mais de 12 mil visitantes, expositores e diplomatas de 90 países, prometeu garantir a segurança do evento. Além disso, uma dezena de chefes de Estado confirmaram a presença, segundo o prefeito de Cali, Alejandro Eder.

“Levamos qualquer ameaça a sério”, afirmou o prefeito, em entrevista à AFP. Elder ainda garantiu estar “tranquilo” de que a COP16 será um sucesso.

Segundo o general da polícia William Castaño, gerente de segurança da cúpula, mais de 10 mil militares uniformizados formaram um esquema de defesa e inteligência denominado "Plano colibrí" com o apoio da Interpol, Europol e Ameripol.

Frequentemente, nas redes sociais, os guerrilheiros do EMC referiam-se à COP16 como “discursos que, disfarçados de ambientalismo, promovem o militarismo”. Além disso, acusaram o presidente Petro de mentir com a sua política de proteção da natureza.

No entanto, Petro, o primeiro esquerdista no poder na Colômbia, aposta em uma solução negociada para 60 anos de conflito armado, que já deixou 9,5 milhões de vítimas.

O seu governo tenta manter negociações de paz com os dissidentes das Farc e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN).

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