Mundo

Disputa territorial entre Venezuela e Guiana já mudou até o mapa do Brasil; entenda

Área de 13 mil km2 que fazia parte de Essequibo foi anexada ao Brasil em 1904 e hoje pertence ao estado de Roraima

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 16h57.

Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 09h49.

Tal como terremotos, nevascas e prêmios Nobel, disputas territoriais parecem distantes da realidade brasileira. É o tipo de quiproquó que os cidadãos se habituaram, por sorte, a ver apenas pela televisão. Até que, nos últimos dias, uma disputa entre dois países vizinhos ao Brasil ganhou o noticiário.

No domingo, a Venezuela realizou um referendo sobre a anexação da região de Essequibo, rica em petróleo e correspondente a 74% do território da Guiana. O referendo, segundo o governo da Venezuela, deu 95% de votos favoráveis à anexação.

O governo brasileiro afirmou que o referendo é uma questão interna da Venezuela, mas já reforçou a presença de militares na fronteira com os dois países. Internamente, diplomatas demonstram preocupação com uma possível guerra na fronteira.

Na sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça, em Haia, determinou que a Venezuela não tome nenhuma ação agressiva contra o vizinho, e alertou para "sério risco" de invasão.

A região de Essequibo é alvo de interesse histórico da Venezuela, numa série de investidas que já mudou até o mapa do Brasil. Desde pelo menos 1844 Venezuela e Grã-Bretanha disputam o controle da região, se valendo de registros históricos dos impérios que Espanha e Holanda consolidaram na região. A queda de braço chegou a um tribunal em 1899.

O Laudo de Paris deu a vitória aos britânicos, mas pouco tempo depois a área passou a ser contestada pela Venezuela. Uma nova negociação começou, desta vez para delimitar as fronteiras britânicas com o Brasil naquela área parcamente povoada. Em 1904, uma arbitragem italiana definiu que, dos 33 mil km2 do Essequibo em disputa, pouco mais de 13 mil ficariam com o Brasil e cerca de 19 mil ficariam com a Grã-Bretanha.

A área britânica foi integrada à Guiana após a independência do país, em 1966, e hoje faz parte do território contestado pela Venezuela. O país hoje governado por Nicolás Maduro reivindica a região do Essequibo oficialmente desde 1963. O referendo de domingo deve ser um novo ápice nas tensões.

A área que há 119 anos pertence ao Brasil, parte do estado de Roraima, não está sendo contestada por Maduro.

Acompanhe tudo sobre:VenezuelaGuiana

Mais de Mundo

Brasil está confiante de que Trump respeitará acordos firmados na cúpula do G20

Controle do Congresso dos EUA continua no ar três dias depois das eleições

China reforça internacionalização de eletrodomésticos para crescimento global do setor

Xiaomi SU7 atinge recorde de vendas em outubro e lidera mercado de carros elétricos