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Disputa EUA-China e livre comércio dominam abertura da cúpula da APEC

Reunião de cúpula do Foro de Cooperação Econônimca Ásia Pacífico (APEC) começou hoje no Japão

China lidera em supercomputadores; Brasil ocupa 29º lugar na lista (GUANG NIU/Getty Images/EXAME.com)

China lidera em supercomputadores; Brasil ocupa 29º lugar na lista (GUANG NIU/Getty Images/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2010 às 14h36.

Yokohama  - Os líderes do Foro de Cooperação Econômica Asia Pacífico (APEC) abriram neste sábado, em Yokohama, Japão, reunião de cúpula centrada na liberalização do comércio na região e nas disputas entre Estados Unidos e China.\r\n

O encontro a APEC, que representa 40,5% da população mundial, 54,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do planeta e 43,7% do comércio global, está sendo realizado em meio a problemas territoriais entre o Japão e seus poderosos vizinhos, China e Rússia.

O presidente Hu Jintao da China, país que vem sendo objeto de todo o tipo de pressões, desde o comércio até a mudança climática, estimou que não se deve pedir muito aos países emergentes para não frear seu crescimento.

A China costuma ser alvo de críticas dos Estados Unidos, e em menor medida da União Europeia (UE), considerando que sua moeda está desvalorizada, além de o país contar com excedente em conta corrente muito elevado.

"A comunidade internacional deve incitar os mercados emergentes da Ásia e do Pacífico a assumir suas responsabilidades internacionais segundo suas capacidades, especificidades nacionais e níveis de desenvolvimento", destacou Hu a um grupo de empresários paralelamente ao foro da APEC.

Segunda economia e primeiro exportador mundial, a China não se considera um país desenvolvido, mas emergente.

"Pedir (aos países emergentes) que assumam suas responsabilidades e obrigações, além de suas capacidades e nível de desenvolvimento, não fará nenhum bem à cooperação internacional e ao desenvolvimento mundial", acrescentou o presidente chinês.

Depois do ataques recebidos na reunião do G20 de quinta e sexta-feira em Seul, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, efetuou sábado uma firme defesa da política econômica de seu país, durante a cúpula, na cidade japonesa de Yokohama, em discurso para empresários.


Obama recordou que o plano econômico aplicado em seu país após a crise de 2008 "permitiu cinco trimestres consecutivos de crescimento e 10 meses consecutivos de aumento do emprego no setor privado".

Afirmou também que jamais esteve tão confiante no que os Estados Unidos têm a oferecer, apesar das críticas contra sua política monetária e das dificuldades de recuperação da economia americana.

Obama considerou a recuperação mundial particularmente importante para os Estados Unidos, a maior economia do planeta, "motor do crescimento global".

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, destacou que "é preciso responder às novas questões que surgem no mundo, entre elas a obtenção de um crescimento global firme (...) uma estratégia comum de crescimento".

Os Estados Unidos vêm sendo objeto de duras críticas depois da decisão de seu banco central, o Federal Reserve, de injetar 600 bilhões de dólares no circuito financeiro, medida que enfraqueceria ainda mais o dólar.

Por sua vez, Washington exerce contínuas pressões para que a China permita valorizar o iuane - a baixa cotação da moeda é considerada vantagem injusta dada aos exportadores do gigante asiático, estando na origem da "guerra cambial" que mantém o mundo em desequilíbrio.

Presente em Yokohama, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que o principal problema entre Estados Unidos e China é que "cada um pensa que o outro deve empreender mais esforços".

Para a APEC, a luta a favor do livre comércio e contra o protecionismo é prioridade.

Se o comércio e a economia são os eixos da cúpula, as atuais tensões territoriais do anfitrião Japão com a Rússia e a China também ocupam lugar importante por suas implicações geopolíticas.

Há dois meses, Japão e China estão em crise diplomática pela questão da soberania sobre um grupo de ilhas não habitadas do mar da China oriental, chamadas Senkaku em japonês e Diaoyu em chinês.

O Japão também está incomodado com a Rússia devido à visita do presidente Dmitri Medvedev a uma das quatro ilhas Kuriles, anexadas pela Rússia depois da Segunda Guerra Mundial, e ainda reivindicadas pelo Japão.

Neste sábado, foram realizadas aproximações entre as partes, com reuniões bilaterais do premier japonês Naoto Kan com Hu Jintao e Medvedev.

Os presidentes mexicano Felipe Calderón, chileno Sebastián Piñera e peruano Alan García também participam da cúpula inaugurada pelo primeiro-ministro japonês Naoto Kan na cidade portuária ao sul de Tóquio que será concluída neste domingo.

O Foro de Cooperação Econômica Ásia Pacífico (APEC) reúne 21 economias, sendo integrado por Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã

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