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Discurso do chanceler da Venezuela na ONU é boicotado por 20 países

A ação foi coordenada previamente pelos países do chamado Grupo de Lima, que reconheceram Juan Guaidó como presidente interino

Jorge Arreaza: o chanceler da Venezuela sofreu boicote de vários países durante discurso na sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na Suíça, em 27 de fevereiro de 2019 (Jean Marc Ferre/Handout/Reuters)

Jorge Arreaza: o chanceler da Venezuela sofreu boicote de vários países durante discurso na sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na Suíça, em 27 de fevereiro de 2019 (Jean Marc Ferre/Handout/Reuters)

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EFE

Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 12h13.

Genebra - O discurso do ministro das Relações da Venezuela, Jorge Arreaza, realizado nesta quarta-feira no Conselho de Direitos Humanos (CDH) na ONU, foi boicotado pelos governos de mais de 20 países, que se retiraram da sala assim que o chanceler entrou nela.

A ação foi coordenada previamente pelos países do chamado Grupo de Lima, que reconheceram o chefe do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela até que sejam realizadas novas eleições.

As missões diplomáticas de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru na ONU em Genebra emitiram pouco depois um comunicado conjunto no qual explicam que seus respectivos governos não reconhecem a legitimidade do atual mandato de Nicolás Maduro como presidente nem de seus representantes.

Países de outras regiões imitaram o gesto e foi possível observar a saída da sala de mais de 20 delegações, que retornaram ao local onde se reúne o CDH após Arreaza terminar seu discurso e deixar o recinto.

A União Europeia (UE) também se uniu ao protesto rebaixando o nível de sua representação diplomática durante o discurso do chanceler venezuelano.

Diante do boicote, Arreaza não interrompeu sua alocução, na qual disse que na fronteira com a Colômbia foram observadas "operações com bandeira falsa por trás das quais estão os Estados Unidos".

Além disso, criticou a Colômbia por "emprestar seu território" para essas operações disfarçadas de ajuda humanitária e cujo o objetivo é "preparar o caminho para uma intervenção na Venezuela".

Arreaza afirmou que o governo de Maduro "está disposto a trabalhar com a ONU para receber assistência humanitária", mas ressaltou que com a força não se conseguirá nada.

Em declarações posteriores à imprensa, o ministro disse que a politização e instrumentalização da ajuda humanitária é a razão pela qual a ONU e a Cruz Vermelha Internacional se mantiveram à margem da operação que tenta levar à Venezuela alimentos e remédios pela fronteira com a Colômbia.

Acrescentou que o governo de Maduro está trabalhando com essas duas organizações e com a UE "para ter assistência" que seja neutra e com bases legais.

"O mais importante é que seja permitido ao governo comprar, importar e pagar pelo que o povo precisa, mas isto é quase impossível através do sistema bancário tradicional", comentou.

Em seu discurso no CDH, Arreaza voltou a convidar a alta comissária para os direitos humanos, Michelle Bachelet, a visitar a Venezuela para que "veja por si mesma os efeitos do bloqueio e das sanções" dos EUA.

Perguntado sobre o boicote dos governos latino-americanos, o chanceler disse que não tinha se dado conta, mas que em todo caso não tinha a menor importância "porque o mundo escuta a Venezuela".

 

 

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