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Diretor do Pnud não descarta que Humala se torne o 'Lula' peruano

Diretor da ONU elegoi as eleições peruanas e o desenvolvimento da democracia na América Latina

O candidato a presidência do Peru, Ollanta Humala, partcipa de comício (Divulgação/Partido Nacionalista Peruano)

O candidato a presidência do Peru, Ollanta Humala, partcipa de comício (Divulgação/Partido Nacionalista Peruano)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2011 às 15h06.

Madri - O diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para a América Latina, Heraldo Muñoz, declarou nesta quinta-feira à Agência Efe que não é possível descartar que o candidato nacionalista Ollanta Humala possa se transformar no "Lula" do Peru.

Muñoz, vice-ministro de Relações Exteriores do Chile entre 2000 e 2002, declarou que as eleições presidenciais realizadas no domingo passado no Peru representam um exemplo da "boa saúde" da qual goza a democracia na América Latina.

O também subsecretário-geral da ONU visitou nesta sexta-feira a capital espanhola para apresentar na sede da Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib) o relatório "Nossa Democracia", elaborado pelo Pnud e a Organização dos Estados Americanos (OEA), que analisa os sistemas democráticos em dezoito países da região.

Em entrevista à Efe, Muñoz classificou de "surpreendente" o resultado das eleições peruanas, que foram "muito apertadas no primeiro turno, com muitos candidatos".

Após o pleito, os candidatos Humala, claro vencedor no primeiro turno, e Keiko Fujimori (filha do ex-presidente Alberto Fujimori, preso por violações de direitos humanos) vão disputar em 5 de junho a Presidência do Peru no segundo turno.

Humala, ex-militar e líder da coalizão de grupos nacionalistas e de esquerda "Gana Peru", recebeu conselhos de assessores do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, para moderar seu discurso radical e ampliar sua base eleitoral.

Perguntado se Humala poderia tornar-se o "Lula" peruano, Muñoz não descartou essa possibilidade e respondeu com um "Quem sabe?".

"Muitos pensavam que quando Lula fosse eleito faria um Governo radical, já que era um ex-dirigente sindical de esquerda. E, no entanto, Lula fez um Governo pragmático de inclusão social, de crescimento econômico, de enormes transformações".

Muñoz não esconde certa surpresa pelo resultado eleitoral no Peru, pois, como explicou no ato da Segib, trata-se de "um país que cresceu no ano passado ao redor de 9%" e, no entanto, "não é capaz de escolher um presidente de continuidade".

Na sua opinião, Humala e Fujimori, líder do partido direitista "Força 2011", são candidatos "que questionam a ordem atual e expressam com diferentes graus uma insatisfação" com questões como "o acesso igualitário às oportunidades".

"Talvez isso ressalte que os temas de desigualdade continuam sendo um dos principais desafios de toda região", precisou.

Apesar de alguns críticos de Humala o chamem de "peão" do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o diretor do Pnud não acredita que as eleições peruanas possam ter um "efeito particular" nas relações e equilíbrios políticos nos países da América do Sul.

"Não vejo que possa repercutir de maneira significativa, porque o que existe na América Latina é diversidade", disse Muñoz, em alusão ao modelo de esquerda radical da Venezuela, a social-democracia do Brasil e o liberal-conservadorismo do México e Chile.

As eleições no Peru balizam um ano de 2011 com muitos pleitos presidenciais na América Latina, como os do Haiti (já realizados), Guatemala, Argentina e Nicarágua.

Na opinião de Muñoz, os processos eleitorais "comprovam que a democracia (na região) é robusta, que vivemos talvez o período mais longo da história contemporânea em que as autoridades são eleitas pelo voto direto, que as épocas de golpes de Estado ficaram para trás".

No entanto, advertiu que, "apesar deste vigor da democracia eleitoral, há problemas pendentes" nas democracias da América Latina, como "a frustração das pessoas com a concentração do poder e a riqueza, com a desigualdade e a corrupção".

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