Mundo

Diretor do HSBC se explica sobre conta na Suíça

Exercício de apresentação das contas anuais do grupo se transformou nesta segunda-feira em um difícil momento de explicações para Stuart Gulliver

"Pago os impostos britânicos sobre todas as minhas receitas mundiais (...). E não acredito que tenha afetado de nenhuma maneira minha capacidade" para dirigir o grupo, disse Gulliver (Laurent Fievet/AFP)

"Pago os impostos britânicos sobre todas as minhas receitas mundiais (...). E não acredito que tenha afetado de nenhuma maneira minha capacidade" para dirigir o grupo, disse Gulliver (Laurent Fievet/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 14h29.

Londres - O diretor-geral do HSBC, Stuart Gulliver, foi obrigado nesta segunda-feira a dar explicações sobre sua conta na Suíça, um novo capítulo constrangedor para o banco britânico, atingido em cheio pelo escândalo SwissLeaks.

A tempestade não parou, duas semanas após o início do escândalo "SwissLeaks". Os grandes meios de comunicação internacionais trouxeram à tona os 180,6 bilhões de euros de pessoas ricas de todo o mundo depositados em contas do banco na Suíça entre o fim de 2006 e o início de 2007 para evitar o pagamento de impostos.

O exercício de apresentação das contas anuais do grupo se transformou nesta segunda-feira em um difícil momento de explicações para Gulliver, pressionado pelas perguntas dos jornalistas sobre a conta que ele abriu na Suíça em 1998, e cuja existência foi revelada no domingo pelo jornal The Guardian.

"Pago os impostos britânicos sobre todas as minhas receitas mundiais (...). E não acredito que tenha afetado de nenhuma maneira minha capacidade" para dirigir o grupo, disse Gulliver.

Segundo o jornal londrino, esta conta abrigaria os prêmios recebidos por Gulliver, então expatriado em Hong Kong, avaliados em 7,6 milhões de dólares (6,7 milhões de euros) em 2007.

O diretor-geral declarou que esta estrutura, que o grupo se negou a esclarecer se seguia em vigor, foi ativada naquele momento para garantir a confidencialidade de sua remuneração em relação aos seus colegas de Hong Kong.

Ainda assim, esta nova revelação afeta a figura de Gulliver, que multiplicou as promessas de reforma e de boa conduta em nome do HSBC, gigante mundial baseado em Londres e que celebrará seu 150º aniversário neste ano com seus 266.000 funcionários.

Por outro lado, o diretor-geral do HSBC reconheceu nesta segunda-feira que o banco havia retirado sua publicidade dos meios de comunicação que lhe dedicaram uma cobertura hostil e considerou que esta ação "não tem nada a ver com a pretensão de influenciar a cobertura editorial de ninguém".

"Recorremos à publicidade para vender mais produtos bancários. Não tem nenhum sentido colocar um anúncio ao lado de uma cobertura jornalística hostil", declarou Gulliver.

Este escândalo constitui o último episódio de uma série de casos que obrigaram o primeiro banco europeu a pagar bilhões de dólares em multas e retificações em vários países, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos, relacionadas a vários casos problemáticos.

Combinados com a queda das receitas de liquidez ligadas às cessões de seus ativos, em comparação com as de 2013, os caros procedimentos provocaram uma queda de 15% dos lucros líquidos do HSBC em 2014, a 13,7 bilhões de dólares (12 bilhões de euros).

Objetivos financeiros reduzidos

Para além das investigações que afetam sua reputação, o HSBC avisou que sua atividade pode ser afetada neste ano "devido ao amplo leque de incertezas e desafios" que pairam sobre a economia mundial, depois de ter visto seu volume de negócios cair 5,3% em 2014, a 61,2 bilhões de dólares (53,8 bilhões de euros).

Devido às mudanças que estão ocorrendo no setor financeiro, o HSBC reduziu seus objetivos financeiros no médio prazo.

O título do HSBC caiu no meio da manhã após estes anúncios, perdendo 5,57% de seu valor a 571,50 pence às 11h15 GMT (09h15 de Brasília), em um mercado praticamente estável.

Acompanhe tudo sobre:BancosEmpresasEmpresas inglesasEuropaFinançasHSBCPaíses ricosSuíça

Mais de Mundo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga

Há chance real de guerra da Ucrânia acabar em 2025, diz líder da Conferência de Segurança de Munique

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente