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Direitos de cidadãos da UE são limite para Brexit, diz Eurocâmara

Os direitos dos 4,5 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e britânicos que vivem do outro lado do Canal da Mancha será prioridade

Brexit: o Reino Unido e os 27 países do bloco primeiro devem fechar um acordo de separação, antes de começar a discutir suas futuras relações (Hannibal Hanschke/Reuters)

Brexit: o Reino Unido e os 27 países do bloco primeiro devem fechar um acordo de separação, antes de começar a discutir suas futuras relações (Hannibal Hanschke/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de março de 2017 às 16h29.

Os direitos de todos os cidadãos da União Europeia (UE), entre eles os que moram no Reino Unido, serão a "linha vermelha" das negociações do Brexit, segundo o presidente da Eurocâmara, Antonio Tajani, que quer que o parlamento seja "protagonista" no processo.

"A única linha vermelha [do parlamento] são os interesses dos cidadãos europeus. Não há outras linhas vermelhas", apontou Tajani em uma entrevista à AFP, dias antes de que o Reino Unido comunique oficialmente sua decisão de abandonar o bloco, dando início a dois anos de complicadas negociações de divórcio.

O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, indicou na quarta-feira que os direitos dos 4,5 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e britânicos que vivem do outro lado do Canal da Mancha será uma das prioridades da UE.

Para Tajani, na linha de Barnier, que quer uma saída "ordenada", o Reino Unido e os 27 países do bloco primeiro devem fechar um acordo de separação, antes de começar a discutir suas futuras relações.

"Você tem que se divorciar e, depois, você pode resolver as relações entre os dois divorciados que vivem um ao lado do outro", disse.

Neste processo de separação, que do lado europeu será liderado pelo executivo do bloco sob a direção dos líderes da UE, o presidente do Parlamento Europeu quer um papel de "protagonista" para a sua instituição, que será a encarregada de aprovar o futuro acordo.

Esta votação deveria ser realizada "no final de 2018 ou início de 2019", antes que comece, em março, a campanha para as eleições europeias. "Esperemos que o Parlamento Europeu vote 'sim', mas é preciso ver o conteúdo [do acordo negociado]".

A favor das "várias velocidades"

Suas declarações à AFP chegam dias antes de que os líderes europeus comemorem em Roma, em uma cúpula sem o Reino Unido, o 60º aniversário dos tratados fundadores do projeto europeu.

O presidente do Parlamento Europeu não é contra a ideia de um bloco com diferentes graus de integração, contanto que os países que queiram avançar mais rápido não excluam os demais.

"Não me oponho a que dois, três ou quatro Estados-membros decidam estar na vanguarda e abram o caminho para o resto", apontou Tajani, dando como exemplo que a "França, Alemanha, Itália e Espanha" decidam começar a trabalhar no campo da defesa.

Este cenário, conhecido como uma Europa "a várias velocidades" e defendido pelas principais economias da zona do euro, gera preocupação, por outro lado, nos países da ex-órbita soviética, como a Polônia, que temem se tornar membros de segunda.

Apesar de que a chegada de Donald Trump à Casa Branca gerou preocupação entre os europeus, o presidente da Eurocâmara não descartou convidar o líder americano para falar ante os eurodeputados.

"Teremos que ver o que ele fará. Pessoalmente, eu não teria nada contra" sua vinda, disse Tajani. "Temos de dar-lhe uma maneira de compreender a situação que temos na Europa. Isso não é fácil".

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