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'Direito à energia atômica pacífica continua intacto', diz porta-voz do Irã

Baghaei critica preocupação com status de programa nuclear após ataques, afirmando que 'preocupação da comunidade internacional deveria ser condenar os atos ilegais dos EUA'

Pôster retratando o presidente dos EUA, Donald Trump, ajoelhando-se perante o líder supremo do Irça, o aiatolá Ali Khamenei, é visto no sul de Beirute, no Líbano ( AFP)

Pôster retratando o presidente dos EUA, Donald Trump, ajoelhando-se perante o líder supremo do Irça, o aiatolá Ali Khamenei, é visto no sul de Beirute, no Líbano ( AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 25 de junho de 2025 às 13h12.

Última atualização em 25 de junho de 2025 às 13h36.

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, afirmou nesta quarta-feira, 25, que as instalações nucleares do país foram "muito danificadas" nos ataques dos EUA no fim de semana, em que bombardeiros B-2 lançaram bombas fura-bunker contra os alvos.

— Sim, nossas instalações foram muito danificadas, sem dúvida, porque foram submetidas a ataques repetidos — afirmou Baghaei em declarações à rede catari Al-Jazeera, acrescentando que a Organização de Energia Atômica do Irã e outras agências relevantes estão avaliando os locais: — Não tenho mais a acrescentar sobre o tema porque é uma questão técnica.

Antes de dar a declaração depois de ser pressionado pelo entrevistador sobre a afirmação dos EUA de que os locais estão "completamente destruídos", Baghaei disse que a nação persa planeja manter seu programa nuclear, afirmando que o "direito do Irã à energia atômica pacífica continua intacto" sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual é signatário.

O porta-voz também afirmou que os danos infligidos às instalações nucleares e o status dos estoques de 400 kg de urânio enriquecido, do qual autoridades ocidentais dizem não saber o paradeiro, deveriam ser "questões secundárias" para a comunidade internacional.

— A primeira preocupação da comunidade internacional deveria ser condenar os atos ilegais dos Estados Unidos — afirmou, classificando os ataques como um "golpe deletério" à lei internacional, à diplomacia e à ética. — É realmente um mau sinal que pessoas em todo o globo tentem subestimar a gravidade do ato de agressão americano contra o Irã e agora estejam discutindo os níveis dos ataques ou sua efetividade.

Nesse sentido, Baghaei apontou como natural a votação do Parlamento iraniano para "suspender, e não pôr fim" à cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), medida que ainda tem de ser aprovada pelo Conselho de Guardiães, pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo governo do país persa antes de virar lei.

— Você não acha apenas natural para os representantes de uma nação que foi alvo de um flagrante ato de agressão que reconsidere a forma como lidam com a AIEA? — indagou, detalhando que o projeto de lei impõe condições para o engajamento futuro do Irã com a agência de energia atômica da ONU, incluindo garantias para a segurança de cientistas iranianos e das instalações nucleares do país.

Baghaei afirmou que, embora acredite que "a diplomacia nunca acabe" e tenha se engajado com "diferentes atores" durante a guerra com Israel, o Irã teria de verificar se os EUA estão “realmente falando sério” sobre diplomacia antes de se engajar novamente.

— Enquanto eles [autoridades americanas] falavam sobre diplomacia, deram sinal verde aos israelenses para atacar o Irã — disse Baghaei, referindo-se às negociações nucleares que eram mantidas com Washington antes do início do conflito. — Eles [os EUA] torpedearam a diplomacia.

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