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Direita populista anti-imigração perde eleições na Noruega

Segundo cientistas políticos, o resultado sofreu influência dos ataques sangrentos cometidos pelo atirador direitista Anders Breivik

Os trabalhistas de Jens Stoltenberg, alvo dos ataques extremistas, registraram um leve avanço nas eleições
 (Junge Heiko/AFP)

Os trabalhistas de Jens Stoltenberg, alvo dos ataques extremistas, registraram um leve avanço nas eleições (Junge Heiko/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 12h00.

Oslo - A direita populista anti-imigração é a grande perdedora das eleições locais na Noruega, um resultado influenciado pelos ataques sangrentos do dia 22 de julho, segundo cientistas políticos.

O Partido do Progresso (FrP), de formação anti-imigração e ao qual o atirador Anders Behring Breivik fez parte por um tempo, teve uma queda de 6 pontos em relação as eleições municipais de 2007. O partido recebeu apenas 11,4% dos votos segundo os resultados publicados pelo governo hoje.

Na direção contrária, conservadores e trabalhistas saíram vencedores dessas eleições marcadas por uma participação popular pequena, distante da mobilização massiva que os políticos fizeram para pedir votos nos dias seguintes aos ataques.

"Depois da tragédia nacional deste verão, fizemos desta eleição uma espécie de referendo sobre a nossa democracia que deveria se traduzir em uma forte mobilização dos eleitores", disse Harald Stanghelle, comentarista político do jornal de referência Aftenposten.

"Mas não foi o caso. Estou surpreso e triste", afirmou à AFP.

A taxa de participação foi de 62,2%, apenas um pouco superior à de quatro anos atrás (61,7%).

Outras pessoas analisam o contrário, a democracia na Noruega não foi influenciada pelo massacre de Utoeya em sentido algum.

"Definitivamente, é bom que um assassino de crianças sem escrúpulos não tenha efeito algum na paisagem política", comentou Tore Gjerstad, correspondente político do jornal econômico Dagens Naerinsgliv.

Estas eleições municipais e regionais representavam um teste após o massacre realizado por Anders Behring Breivik, que reconheceu ser o autor de um atentado a bomba contra uma sede do governo e depois ter fuzilado centenas de jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoeya.

O extremista de 32 anos cometeu esses ataques, que mataram 77 jovens, motivado pela sua rejeição à democracia, que representa, segundo ele, o ponto central da sociedade multicultural que ele abomina.

Segundo os cientistas políticos, o declínio do FrP começou antes do verão e não está ligado diretamente ao passado do partido com Behring Breivik.

O FrP foi abalado no início do ano por um escândalo sexual tratado por sua direção de forma desajeitada. Assim, teve que moderar seu discurso anti-imigração em uma campanha eleitoral um pouco particular e encurtada por causa do luto nacional após os ataques, segundo os comentaristas.

Comparado ao seu resultado recorde registrado nas eleições legislativas de 2009, o número do FrP reduziu pela metade.

Esta perda "se explica em grande parte pelo ano extremamente difícil em que não tivemos muito espaço para expor nossa política", comentou o presidente do partido, Siv Jensen, no jornal VG.

Grande vencedor das eleições, o Partido Conservador cresceu 8,7 pontos e atingiu 28,0% dos votos. Provavelmente, estará no poder em quase todas as grandes cidades da Noruega, incluindo Oslo.

Principal alvo dos ataques, o Partido Trabalhista do primeiro-ministro Jens Stoltenberg também obteve um aumento de 1,9 ponto, um aumento modesto, mas que acaba com o saldo negativo anunciado nas pesquisas antes dos ataques. O partido ganhou 31,6% dos votos.

Este resultado é inferior às esperanças que nasceram com o aumento da simpatia pelos trabalhistas depois dos assassinatos.

Mais uma vez, "o efeito do dia 22 de julho não se materializou verdadeiramente", afirmou Bernt Aardal, cientista político da universidade de Oslo.

"Essa eleição marcou um retorno a normalidade no plano político", acrescentou.

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