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Direita espanhola se encaminha para vitória histórica

O governo socialista para enfrentar a crise adotou medidas de austeridade que só aumentaram a ira dos espanhóis

O Partido Popular liderado por Mariano Rajoy deve eleger entre 192 e 198 candidatos para o Congresso
 (Miguel Riopa/AFP)

O Partido Popular liderado por Mariano Rajoy deve eleger entre 192 e 198 candidatos para o Congresso (Miguel Riopa/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2011 às 10h35.

Madri - A direita espanhola voltará quase com toda segurança ao poder, sete anos depois, nas eleições do próximo domingo. Para o Partido Socialista será uma derrota histórica, arrasado pelo desemprego e a aplicação de políticas de austeridade contra a crise.

Cerca de 36 milhões de eleitores vão às urnas para eleger o novo governo e, segundo todas as pesquisas de opinião, uma ampla maioria dará seu voto ao conservador Partido Popular (PP) liderado por Mariano Rajoy.

As sondagens publicadas no domingo pelos principais jornais espanhóis, as últimas antes das eleições, indicam que o PP elegerá entre 192 e 198 candidatos, número muito superior aos 176 deputados que marcam a maioria absoluta no Congresso, a câmara baixa do parlamento espanhol.

Em contrapartida, o Partido Socialista Trabalhador Espanhol (PSOE), no poder desde 2004, e seu candidato, o ex-número dois do Poder Executivo, Alfredo Pérez Rubalcaba, podem acusar o desgaste de três anos de duração da crise pelo pior resultado desde a volta da democracia.

A terrível crise, nascida da conjunção da explosão da bolha imobiliária com a crise financeira em 2008, que já deixou quase cinco milhões de desempregados, a metade jovens, parece ter sido um golpe forte demais para o governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, obrigado a adiantar as eleições.

"O Partido Socialista calculou que quando chegasse o momento das eleições o desemprego iria pelo menos parar, o que não aconteceu. Este foi um dado fundamental para o voto", considera o professor de ciências políticas da Universidade Autônoma de Madri, Fernando Vallespín.


Para este analista, "a grande falha deste governo foi tomar medidas tardiamente" frente uma crise que não parece entender de ideologias políticas e que já derrubou os governos da Grécia e da Itália.

"Esta crise devora quem governa, sejam eles de direita ou esquerda", afirma o professor de ciências políticas da Universidade de Santiago de Compostela, Antón Losada.

Desta maneira, os socialistas espanhóis serão, segundo todos os prognósticos, as próximas vítimas de uma situação contra a qual tentaram lutar com medidas de austeridade desde maio de 2010, e que apenas serviram para aumentar o descontentamento popular.

Congelamento das pensões, aumento da idade de aposentadoria, dos 65 para 67 anos, redução de 5% nos salários dos funcionários públicos e aumento fiscal, tudo isso serviu apenas para dar asas a movimentos como os "indignados", que no domingo se manifestaram mais uma vez em Madri.

"A crise econômica dita absolutamente a campanha eleitoral", segundo Vallespín, para ele "todo o mundo sabe que entramos em uma cultura de austeridade e os partidos se esforçam para mostrar o que não vão cortar".

Assim, Rubalcaba insiste em assegurar que, ao contrário do PP, não cortará os serviços sociais como saúde e educação, enquanto Rajoy o acusa de não ter feito nada contra a crise quando estava no governo.

A insatisfação com os grandes partidos nacionais, especialmente com o PSOE, a quem a população atribui todos os males da crise, pode acabar beneficiando o bloco Comunista Esquerda Unida, que de dois deputados pode aumentar para sete ou onze, dependendo da sondagem utilizada.

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