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Diplomatas líbios desertam para protestar contra regime de Kadafi

Embaixadores do país começam a se unir à "revolução" que ocorre no país

Protesto contra o regime líbio, na Malásia: diplomatas romperam relações com o governo (Mohd Rasfan/AFP)

Protesto contra o regime líbio, na Malásia: diplomatas romperam relações com o governo (Mohd Rasfan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 10h34.

Paris - Inúmeros diplomatas líbios de alto escalão desertaram o regime de Muamar Kadafi em protesto contra a morte de civis e o uso de força aérea contra os manifestantes na Líbia, cenário de uma revolta popular sem precedentes.

O embaixador adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, exigiu a renúncia de Kadafi, a quem acusou de "genocídio". A missão diplomática líbia ns Nações Unidas anunciou a ruptura com o regime, explicou ao jornal The New York Times, mas sem confirmar a postura do embaixador Abdurrahman Shalgham, a quem não vê desde sexta-feira passada.

No domingo, o representante permanente da Líbia ante a Liga Árabe, Abdel Moneim al Honi, abandonou o posto para "unir-se à revolução" que tem lugar no país.

Altos dirigentes na Austrália, China, Índia e Malásia romperam relações com o líder líbio, afirmando que a matança foi longe demais e que, para o povo, Kadafi perdeu qualquer legitimidade.

"Minha renúncia se deve à violência em massa contra civis em meu país", declarou o embaixador líbio na Índia, Ali al Essawi, à AFP.

"Ontem começaram a utilizar aviões para bombardear civis que se manifestavam pacificamente. Isto é inaceitável", acrescentou.


Al Essawi pediu à comunidade internacional e aos membros do Conselho de Segurança da ONU para que imponham uma zona de proibição de voos em seu país, similar à que foi instaurada em 1991 durante a era de Saddam Hussein no Iraque, depois da primeira Guerra do Golfo.

A embaixada da Líbia na Austrália rompeu suas relações com Trípoli, anunciou o conselheiros cultural da delegação, Omran Zwed, ao jornal The Australian.

Na Malásia, os funcionários da embaixada líbia condenaram o "massacre" de manifestantes opostos ao governo, e retirou seu apoio a Kadafi.

"Não somos leais a ele (Kadafi), somos leais ao povo líbio", declarou o embaixador Bubaker al Mansori à AFP.

Na segunda-feira, um alto diplomata líbio destacado na China, Hussein Sadiq al-Musrati, renunciou a seu cargo durante uma entrevista ao vivo ao canal de televisão do Qatar Al-Jazeera, enquanto eram recebidas informações não confirmadas de que o embaixador líbio em Bangladesh também havia se demitido.

Apesar de uma breve aparição de 22 segundos na televisão na segunda-feira, o poder de Kadafi se enfraquece. Vários pilotos de combate renunciaram, negando-se a bombardear os manifestantes.

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