O presidente interino de Burkina Faso, Michel Kafando: Kafando tem uma vida dedicada à diplomacia (Romaric Hien/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2014 às 10h04.
Ouagadougou - Após uma vida dedicada à diplomacia, Michel Kafando foi eleito presidente interino de Burkina Faso para comandar a transição política, que terminará com as eleições previstas para novembro de 2015.
"O candidato Michel Kafando foi eleito por consenso", declarou o núncio Ignace Sandwidi, representante da Igreja Católica no colégio eleitoral, formado por militares e civis, que escolheu o presidente.
No fim de outubro, o exército assumiu o poder no país, após a queda do presidente Blaise Compaoré, que estava há 27 anos no cargo.
"Mais que uma honra, esta é uma responsabilidade temível que recebi, Já posso prever as dificuldades e o tamanho da tarefa que me esperam", disse Kafando, que foi elogiado pela União Africana.
"Com certeza aceito, como toda vez que o dever me chama", completou durante um discurso.
Muito calmo, o diplomata de 72 anos compareceu no domingo a uma audiência com o colégio responsável pela nomeação, formado por 23 pessoas (a maioria civis).
Kafando superou na disputa a ex-ministra Joséphine Ouédraogo e o jornalista Cherif Sy, os outros dois candidatos.
Nascido em 18 de agosto de 1942, o diplomata estudou Direito e Ciências Políticas em Dacar (Senegal) e depois na Europa (Bordeaux, Paris e Genebra).
Kafando foi embaixador do país na ONU em 1981-1982 e depois entre 1998 e 2011. Também foi ministro das Relações Exteriores em vários governos e seu nome, mencionado logo após a queda de Compaoré, ganhou força no domingo, quando o exército cogitou a possibilidade de que liderasse a transição.
Desde sua aposentadoria, após uma longa carreira, Kafando se dedicava a sua fazenda e a alguns trabalhos de consultoria.
Diplomata emérito, recentemente protagonizou uma discussão com seu sucessor na ONU pela venda, segundo ele abusiva, da residência de Burkina em Nova York (sede da ONU).
"Representar a Burkina Faso no exterior requer, antes de tudo, rigor moral, coragem, abnegação, honestidade e probidade, uma boa dose de dignidade e, evidentemente, competência. Todas estas coisas se resumem no amor à pátria", escreveu em 27 de outubro, apenas quatro dias antes da queda do regime anterior.
Agora, Kafando terá um ano como presidente interino para demonstrar as qualidades.
Após a queda de Compaoré, a sociedade civil pressionou para que o tenente-coronel Isaac Zida, que assumiu o governo após a queda de Compaoré, não continuasse no poder.
A nomeação de Kafando ainda deve ser confirmada pelo Conselho Constitucional, o que deve acontecer rapidamente.