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Diplomacia alemã acusa Trump de enfraquecer Ocidente

Citando sua postura em relação a questões como o armamento, o chefe da diplomacia alemã afirmou que o presidente "coloca em risco a paz na Europa"

Sigmar Gabriel: afirmação foi feita pelo ministro por meio de um comunicado (Thomas Peter/Reuters)

Sigmar Gabriel: afirmação foi feita pelo ministro por meio de um comunicado (Thomas Peter/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de maio de 2017 às 14h42.

Última atualização em 29 de maio de 2017 às 15h00.

Seguindo o exemplo de Angela Merkel, o chefe da diplomacia alemã alfinetou nesta segunda-feira o presidente americano, Donald Trump, acusado-o de enfraquecer o Ocidente.

"Qualquer um que acelera as mudanças climáticas através da redução da proteção ambiental, que vende mais armas em uma zona de conflito e que não quer resolver politicamente conflitos religiosos, esta pessoa coloca em risco a paz na Europa", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, em um comunicado.

"A política míope do governo americano é contra os interesses da União Europeia", acrescentou, poucos dias após o fim do primeiro giro no exterior de Trump, que o levou à Arábia Saudita, Israel, Bruxelas e à cúpula do G7 em Itália.

Em declarações à imprensa, Gabriel também estimou que a hesitação americana sobre o clima e os 110 bilhões de dólares de contratos de armas com a Arábia Saudita, país fortemente criticado por seu histórico em matéria de direitos Humanos, tornaram "o Ocidente menor, ou em todo caso mais fraco".

Tomar o destino nas próprias mãos

No domingo, em um comício em Munique, depois de participar da cúpula do G7, Merkel declarou que "o tempo em que podíamos depender completamente de outros terminou. Vivi isso nos últimos dias".

"Nós europeus devemos tomar nosso destino em nossas próprias mãos. Nossa amizade com os Estados Unidos, com o Reino Unido, nossas relações com a Rússia e outros países, são importantes, é claro. Mas devemos ser conscientes, temos que lutar por nosso futuro, por nosso próprio destino", ressaltou a chanceler, que busca um quarto mandato à frente do Governo alemão.

Em resposta, o governo britânico assegurou nesta segunda-feira que será um "forte aliado" da União Europeia (UE).

"Quando começarmos as negociações para deixar a União Europeia, estaremos prontos para assegurar a Alemanha e demais países europeus que seremos um forte aliado na defesa e segurança, e, esperançosamente, no comércio", declarou a ministra do Interior Amber Rudd à rádio BBC.

"Queremos manter uma aliança profunda e única, para manter uma segurança a nível europeu para proteger a todos nós dos terroristas", acrescentou.

A crítica de Merkel acontece depois que os Estados Unidos se negarem, na cúpula do G7, se comprometer com o acordo de Paris sobre o clima. A este respeito, a líder alemã denunciou uma situação "insatisfatória".

Respeito dos valores

Desde o dia da eleiçãodo republicano à Casa Branca, a chanceler chamou a atenção de Donald Trump para que ele respeitasse os valores das democracias ocidentais depois de uma campanha marcada por erros e polêmicas.

O presidente dos Estados Unidos, antes e depois de sua eleição, não se privou, igualmente, de atacar a Alemanha.

Fiel ao seu discurso de anti-livre-comércio, adotou um tom muito duro vis-à-vis os excedentes comerciais alemães, ameaçando introduzir tarifas em retaliação.

Na semana passada, em Bruxelas, em uma reunião com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e do Conselho Europeu Donald Tusk, o bilionário voltou a criticar o comércio exterior alemão, chamando os alemães de "muito maus", de acordo com o semanário Der Spiegel.

Em março, depois de ter descrito como "excelente" sua reunião em Washington com Merkel, Trump lançou uma diatribe no Twitter contra a Alemanha, acusando o país de "dever enormes somas de dinheiro" à Otan e aos Estados Unidos.

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