Kamala Harris, ao lado de Mike Johnson, presidente da Câmara, durante sessão de certificação de Trump (Saul Loeb/AFP)
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 08h00.
Última atualização em 6 de janeiro de 2025 às 15h43.
O Congresso dos Estados Unidos certificou, nesta segunda-feira, 6 de janeiro, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. O evento começou por volta das 13h na hora local (15h em Brasília) e durou cerca de meia hora.
Durante o evento, foram contados os votos enviados por cada um dos delegados. Trump teve 312 votos dos delegados, e Kamala, 226. Assim, Trump foi confirmado oficialmente como novo presidente dos Estados Unidos, e J.D. Vance, como vice. Eles tomarão posse em 20 de janeiro, para um mandato de quatro anos.
Durante a cerimônia, os votos de cada estado foram lidos. Não houve objeções. Ao final da contagem, Kamala proclamou o resultado. No país, a vice acumula o cargo de presidente do Senado. A democrata perdeu a eleição para Trump e aceitou o resultado
Vance, que é senador por Ohio, esteve presente na sessão. Trump não compareceu. Tradicionalmente, os presidentes não participam da certificação.
O rito era uma mera formalidade, mas passou a ser uma data importante depois que apoiadores de Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a confirmação da vitória de Joe Biden, em 2021.
Para evitar novas cenas de tensão, a segurança foi reforçada em Washington nesta segunda-feira. O Congresso foi cercado com grades e barreiras altas. No entanto, o evento ocorreu sem surpresas. Além disso, a cidade está no meio de uma tempestade de neve, que suspendeu aulas e o trabalho em escritórios da cidade.
Nos Estados Unidos, a eleição é indireta. Assim, o presidente é escolhido pelo Colégio Eleitoral. Cada estado possui um determinado número de delegados, que integram o Colégio Eleitoral e emitem seus votos, com base no voto popular. O candidato presidencial mais votado pelos cidadãos em cada estado conquista todos os votos de delegados daquele estado, na maioria dos casos.
Após a eleição, os delegados enviam seus votos, em papel, para o Congresso, que faz a certificação e a contagem dos votos no dia 6 de janeiro, em uma sessão conjunta da Câmara e do Senado. A posse do novo presidente está marcada para 20 de janeiro.
Em 2021, Trump, que não aceitou a derrota nas urnas para Joe Biden, quis forçar os parlamentares a rejeitarem o resultado das urnas e declararem que ele havia vencido. Ele tentou convencer inclusive seu vice, Mike Pence, a declará-lo vencedor e ignorar votos a favor de Joe Biden. Pence, no entanto, não tinha esse poder e não concordou com o plano.
Horas antes da cerimônia de certificação, Trump fez um comício no jardim da Casa Branca, no qual pediu a seus apoiadores que "lutassem pra valer". Em seguida, uma multidão de apoiadores dele andou até o Congresso, que fica a cerca de 2 km da Casa Branca, e invadiu o Congresso, para tentar impedir a certificação. A sessão foi interrompida e os parlamentares foram levados para locais seguros. Enquanto isso, houve confronto entre a polícia e os manifestantes. Cinco pessoas morreram. Os danos ao Congresso somaram US$ 2,8 milhões, segundo o Departamento de Justiça.
Após algumas horas, a polícia conseguiu expulsar todos os manifestantes. Durante o ataque, Trump permaneceu calado e demorou cerca de três horas para se pronunciar e pedir que os ativistas parassem. A sessão foi retomada de noite, e confirmou a vitória de Biden como presidente.
Em seguida, Trump foi alvo de um processo de impeachment, por tentar reverter o resultado das urnas. Ele foi inocentado no Senado, com apoio da maioria republicana no Senado. Além disso, o FBI fez uma ampla investigação para prender os envolvidos no ataque. Nos meses seguintes, cerca de 1.200 pessoas foram presas.