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Dilma vai fazer rara visita de Estado aos EUA

Será a primeira visita de Estado formal de um líder brasileiro aos Estados Unidos em quase duas décadas, um marco diplomático


	Dilma Rousseff: "são ótimas notícias, há muito esperadas", disse o diretor do Instituto Brasil do Wilson Center, em Washington, Paulo Sotero. "Mostra que os Estados Unidos realmente valorizam a relação, que é o que o Brasil mais quer ouvir".
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: "são ótimas notícias, há muito esperadas", disse o diretor do Instituto Brasil do Wilson Center, em Washington, Paulo Sotero. "Mostra que os Estados Unidos realmente valorizam a relação, que é o que o Brasil mais quer ouvir". (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 22h54.

São Paulo - A presidente da República, Dilma Rousseff, vai realizar a primeira visita de Estado formal de um líder brasileiro aos Estados Unidos em quase duas décadas, um marco diplomático para uma potência emergente que já entrou em conflito com Washington mas está ansiosa por laços mais próximos e reconhecimento de seu crescente prestígio.

A viagem ocorrerá daqui a alguns meses, provavelmente em outubro, disseram autoridades à Reuters sob condição de anonimato porque a Casa Branca ainda não anunciou a visita. Uma porta-voz da Casa Branca recusou-se a comentar.

Uma visita de Estado, que inclui elaboradas formalidades como um jantar formal e uma cerimônia militar no momento da chegada, é geralmente reservada para os parceiros estratégicos mais próximos de Washington.

"São ótimas notícias, há muito esperadas", disse o diretor do Instituto Brasil do Wilson Center, em Washington, Paulo Sotero. "Mostra que os Estados Unidos realmente valorizam a relação, que é o que o Brasil mais quer ouvir".

A melhora nos laços diplomáticos provavelmente vai reacender esperanças por um tratado amplamente desejado para evitar dupla taxação sobre empresas norte-americanas e brasileiras, além da chance de maior comércio entre as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental.

O comércio bilateral totalizou cerca de 59 bilhões de dólares no ano passado, mas a economia brasileira permanece relativamente fechada a importações e sua população de 200 milhões é considerada um mercado de grande crescimento potencial para companhias dos EUA.

A recepção de tapete vermelho também é uma grande vitória para Dilma, uma líder de esquerda porém pragmática. Ela buscou relações mais próximas com os EUA mas sentiu-se esnobada quando o presidente dos EUA, Barack Obama, não a recebeu com uma cerimônia mais elaborada durante uma visita à Casa Branca em abril de 2012.

As relações têm sido cordiais, porém marcadas por desacordos.


O Brasil tem se sentido frustrado pela aparente falta de apoio de Washington em sua campanha por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras demonstrações de reconhecimento de sua crescente influência global após forte expansão econômica na última década.

Problemas sob Lula

O antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, irritou Washington ao bloquear discussões sobre o comércio no continente e ao tentar alcançar um acordo para dar fim a um impasse global sobre o programa nuclear iraniano em 2010, último ano de sua Presidência.

Dilma, em contraste, tem evitado lidar com o Irã, dando mais ênfase a direitos humanos nas relações estrangeiras brasileiras e também assumiu uma distância relativa da Venezuela, antagonista mais vocal de Washington na América latina.

Sotero disse que a visita de Obama a Brasília em março de 2011 marcou o início de um "recomeço" nas relações.

"Por um tempo, houve muito pouco diálogo", disse Sotero. "Essa (visita de Estado) me dá mais otimismo de que nos afastamos completamente disso".

Não está claro se Dilma será um parceiro mais entusiasmado em questões comerciais do que era Lula.

A recente desaceleração econômica no Brasil e o tensionamento dos laços de Brasília com a Argentina, um importante parceiro econômico, alimentaram especulações de que Dilma pode estar disposta a pressionar por laços comerciais com os EUA ou a União Europeia.

No entanto, ela também implementou aumentos tarifários específicos para proteger indústrias brasileiras do que ela chama de uma "guerra cambial" travada por países ricos para depreciar suas moedas.

O último presidente brasileiro a fazer uma visita de Estado aos EUA foi Fernando Henrique Cardoso em 1995.

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