Congresso favorável à Dilma Rousseff pode facilitar aprovação de mudanças constitucionais e evitar CPIs 'indesejáveis' ao governo. (AGÊNCIA BRASIL)
Vanessa Barbosa
Publicado em 1 de novembro de 2010 às 10h17.
São Paulo - A futura presidente do Brasil, Dilma Roussef, terá a seu favor uma forte base aliada, com PT e PMDB maioria no Congresso, e mais: segundo especialistas, ela encontrará situação mais confortável que seu antecessor para governar.
No Senado, a primeira chefe de estado brasileira contará com uma bancada governista de dar inveja em qualquer governante - serão 57 parlamentares pró-Dilma contra outros 22 que podem ou não realizar uma oposição ferrenha. A partir da próxima legislatura, o PT e o PMDB terão as maiores bancadas na Câmara dos Deputados, com 88 e 79 cadeiras respectivamente.
"Pra qualquer governo que assuma, ter maioria no Congresso é sempre melhor", afirma Carlos Ranulfo, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais. “A petista terá um Congresso mais colaborativo para aprovar reformas e projetos”.
Um congresso de base fortemente governista também pode facilitar a derrubada de inquéritos de comissões parlamentares que queiram investigar temas desconfortáveis para o governo. "Veja o Serra, por exemplo, que tinha maioria na Assembléia Legislativa em SP, várias tentativas de CPI foram barradas durante o governo dele", lembra o cientista político João Feres Júnior, da UERJ.
Para o especialista, Dilma terá um governo mais tranquilo que o de Lula - ou daquele que a oposição tucana teria em caso da vitória de Serra. "Mas ela vai ter que fazer muitas alianças, vai ter que negociar assunto por assunto porque as bancadas congressistas têm posições diferentes sobre diversos assuntos", afirma. "Mesmo com maioria, há sempre um trabalho de coordenação política a ser feita".
PT e PMDB
As duas principais legendas do governo Dilma Rousseff, PT e PMDB não estão livres de se enfrentar em uma nova corrida: a de cargos e influências na nova gestão. "Certamente haverá disputa de poder", afirma João Feres Júnior, "mas acho difícil e de alto risco político que ocorra rompimento de alianças".
Para o cientista político e analista da Arko Advice Cristiano Noronha, mesmo que a relação entre PT e PMDB passe por momento de tensão no próximo governo, o mais provável é que os petistas evitem atritos com seu principal aliado. Até porque Dilma e o PT sabem da importância que o PMDB terá para a governabilidade.