A presidenta Dilma Rousseff chega ao Congresso Nacional para abertura dos trabalhos para a nova legislatura
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 17h04.
Brasília - O plenário Ulysses Guimarães, da Câmara dos Deputados, ficou lotado, na tarde desta quarta-feira (2), à espera do discurso da presidente Dilma Rousseff, que decidiu entregar pessoalmente a mensagem do Executivo para o Congresso Nacional. A sessão estava marcada para às 16h, Dilma foi pontual, subiu a rampa e chegou pela entrada principal do Congresso, saudada com tiros de canhão - quase uma repetição da cerimônia da posse.
A presidente entrou no plenário pouco depois das 16h. Sorrindo, foi cumprimentada por parlamentares, demorou até chegar à mesa e quase desapareceu em meio à lotação do salão - muitos tiveram de assistir ao discurso da presidente de pé.
Dilma Rousseff começou seu discurso falando de democracia. “A democracia nos abriu um horizonte promissor de justiça social, redução das desigualdades e consolidação de nosso desenvolvimento econômico e social." A presidente disse também que todo cidadão precisa ter assegurados direitos básicos de moradia, emprego, educação de qualidade e acesso à saúde. “Temos que consolidar a democracia no país, mas, para isso, precisamos começar por nossa missão mais básica: erradicar a pobreza extrema do país.”, apontou a presidente. Erradicação da pobreza foi um tema bastante repetido por Dilma em discurso de posse, no mesmo local, há um mês.
Como esperado, Dilma não deixou de falar sobre o salário mínimo. Ainda que sem se comprometer com valores, a chefe do Executivo disse que encaminhará ao Congresso uma proposta de política de longo prazo de reajuste do salário mínimo."A manutenção de regras estáveis que permitam ao salário mínimo recuperar seu poder de compra é um pacto do governo com os trabalhadores. Os salários terão ganhos reais com relação à inflação", afirmou a presidente.
Repetindo gesto de Lula
Em 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu quebrar o protocolo - como em muitos outros episódios - e trazer pessoalmente a mensagem da Presidência da República aos parlamentares. Geralmente, a função é do chefe da Casa Civil, mas Lula decidiu entregar o recado mesmo assim. Para mostrar que quer ter uma boa relação com o Congresso, Dilma Rousseff resolveu repetir a atitude de seu padrinho e, em seu discurso, afirmou que, como ministra, tinha uma boa relação com a Casa, e que, agora, como presidente tem “desejo de estreitar ainda mais esses laços.”
No discurso de Lula, há oito anos, o ex-presidente falou da “urgentes” reformas tributária e previdenciária. A primeira, apareceu sem muito destaque na fala de Dilma, a segunda, sequer foi mencionada. A presidente Dilma afirmou querer um sistema tributário “simplificado, racionalizado e organizado”. Dilma disse também defender a “desoneração de atividades indutoras de desenvolvimento, em especial, investimentos e bens de consumo populares.”
No entanto, a presidente arrancou palmas do plenário quando falou da reforma política. “Trabalharemos em conjunto com essa Casa para a retomada da agenda da reforma política”, afirmou a presidente, que foi interrompida por aplausos. Sorrindo e em tom de surpresa, ao retomar o discurso disse “vou até repetir”, arrancando algumas risadas. Ao repetir a afirmação, a presidente foi aplaudida mais uma vez. “Vocês repetiram também!”, brincou a presidente.
PAC, Pré-sal e crescimento sustentável
"Hoje vivemos em um país que cresce a taxas sustentáveis. Temos no futuro próximo a oportunidade única de transformar o Brasil em uma nação economicamente desenvolvida e uma sociedade justa”, defendeu a presidente Dilma Rousseff em seu discurso.
Ela declarou , ainda, que, entre 2011 e 2014 serão investidos 955 bilhões de reais nas obras do PAC 2. “Esta quantia será investida da seguinte forma: R$ 48,4 bilhões em rodovias; R$ 43,9 bilhões em ferrovias; R$ 40,6 bi em água; R$ 57,1 bilhões em saneamento, pavimentação e mobilidade urbana; R$ 461,6 bilhões em energia, dos quais R$ 281,9 bilhões em petróleo e gás, R$ 113,7 bilhões em geração e R$ 26,6 bilhões em transmissão; R$ 23 bilhões em agrupamentos urbanos e sociais nas áreas de saúde, segurança, creche e escolas”, explicou a presidente. “No programa Minha Casa, Minha Vida, serão investidos R$ 278 bilhões para construir 2 milhões de novas habitações.”
Sobre o Pré-sal, Dilma afirmou que ele é o “passaporte para o futuro da nação” e que as riquezas produzidas com o petróleo da camada pré-sal seriam canalizadas para a qualidade dos serviços públicos. “Temos a oportunidade, pela primeira vez, de transformar o Brasil uma nação desenvolvida, essa chance não pode ser desperdiçada e não vai ser”, afirmou.