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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Porto Alegre - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, voltou a explicar hoje que o texto que foi apresentado inicialmente à Justiça Eleitoral e depois substituído, ontem, é o do 4º Congresso do PT e não seu programa de governo. Dilma afirmou, no seu primeiro dia de campanha, em Porto Alegre, que discorda das propostas polêmicas relacionadas no documento, como controle social da mídia, brechas para a legalização do aborto e retirada à proibição de desapropriação de áreas invadidas. "Nós não concordamos com a posição expressa".
Ela fez a ressalva de que a campanha à presidência é a soma da compreensão dos vários partidos que apoiam a candidatura e não apenas do PT. "Tem coisas do PT com as quais nós concordamos, tem coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também", disse. "Nós não temos o menor compromisso de incorporar todas as sugestões, e todo o mundo está devidamente esclarecido a esse respeito".
"Bate-boca"
Em meio aos discursos, promessas e entrevistas do primeiro dia da campanha eleitoral, Dilma também sustentou uma espécie de "bate-boca" com seu concorrente José Serra (PSDB), sem revelar se o duelo verbal era intencional ou não. Quase ao mesmo tempo em que o tucano dizia, em Curitiba, que Dilma não sabe por que quer assumir o cargo, a petista reiterava, em Porto Alegre, os motivos que a levaram a disputar a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu quero ser presidente para continuar mudando o País, fazendo com que não só cresça economicamente, mas também do ponto de vista de milhões de brasileiros", ressaltou, em meio a elogios ao governo atual, por ter feito o País crescer distribuindo renda e gerando empregos, e críticas ao anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso, por não ter feito aposta semelhante.
Também indiretamente, Dilma ironizou atitudes de Serra, que tem prometido manter programas sociais de Lula e criar novos. "Faz parte da nossa estratégia, o que muitos definem apenas como uma tática eleitoral, que é a questão social", comparou a petista, para dar a entender que o discurso do adversário pode ser "um artefato eleitoral a ser esquecido e abandonado na primeira oportunidade".
Na mesma linha de priorizar o social, Dilma ressaltou que "o objetivo central" de seu programa é conduzir o País progressivamente a ter uma sociedade "no mínimo" de classe média. Também prometeu dobrar as metas do programa Minha Casa, Minha Vida para dois milhões de residências e montar escolas técnicas em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes.
Em seus discursos, Dilma também cometeu duas pequenas gafes. Numa delas saudou o deputado estadual Miki Breier (PSB) como "a" Miki. Na outra, teve que retificar um trecho do discurso. Depois de dizer que "uma das provas claras que a questão eleitoral estava no cerne do nosso programa" percebeu a falha e emendou: "eu falei eleitoral, mas é social".
Rio Grande do Sul
Apesar de iniciar a campanha em Porto Alegre, Dilma não quis associar a escolha da cidade à desvantagem que tem no Sul nas pesquisas eleitorais. Segundo a sondagem do Datafolha divulgada na sexta-feira, a petista tem 32% das intenções de voto na região, enquanto Serra tem 50%. "Simbolicamente a pré-campanha eu comecei em Minas Gerais, que foi onde nasci e passei parte da minha vida. O outro Estado que compõe a minha identidade é o Rio Grande do Sul. Então é justo que eu comece a campanha aqui porque o Rio Grande do Sul tem um valor afetivo político simbólico na minha vida muito grande", justificou aos repórteres.
"Eu sempre virei ao Rio Grande do Sul independentemente do que a pesquisa indicar. Não volto ao Estado porque tem pesquisa. Eu tenho uma filha aqui e tenho um neto para nascer. Então podem me esperar que eu virei várias vezes, tantas quantas eu puder". Depois, no discurso aos militantes na Esquina Democrática, a candidata voltou ao assunto. "Eu tinha que começar aqui em Porto Alegre porque é a cidade que me acolheu quando no processo de opressão no País eu vim para cá recomeçar minha vida", justificou.