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Dilma decide reduzir mistura de etanol na gasolina

O aumento nos preços do álcool, em sintonia com a alta do açúca, tem sido um dos principais fatores responsáveis pela elevação da inflação acima da meta oficial

Atualmente, a gasolina vendida nos postos brasileiros recebe 25 por cento de álcool anidro. Dilma cogita reduzir esse percentual para 18 ou 20 por cento (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Atualmente, a gasolina vendida nos postos brasileiros recebe 25 por cento de álcool anidro. Dilma cogita reduzir esse percentual para 18 ou 20 por cento (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2011 às 06h13.

São Paulo - A presidente Dilma Rousseff decidiu reduzir a quantidade de etanol que é adicionada à gasolina no Brasil, como parte dos esforços para controlar a inflação, disse uma fonte do governo à Reuters na segunda-feira.

O aumento nos preços do álcool, em sintonia com a alta do açúcar no mercado internacional, tem sido um dos principais fatores responsáveis pela elevação da inflação acima da meta oficial.

O álcool continuou caro apesar da entrada da nova safra, e essa tendência deve se manter porque a previsão do setor é de que a safra de cana de 2011/12 no centro-sul do Brasil apresente um declínio pela primeira vez em uma década.

Atualmente, a gasolina vendida nos postos brasileiros recebe 25 por cento de álcool anidro. Dilma cogita reduzir esse percentual para 18 ou 20 por cento, segundo essa fonte. A decisão deve ser oficializada ainda neste mês, com a implementação em agosto.

"O efeito dos preços do etanol tem sido muito negativo para a inflação e para as expectativas inflacionárias (...), e a presidente decidiu agir", disse essa fonte, que pediu anonimato.

A medida já era esperada por usineiros e economistas, e pode atenuar substancialmente as pressões inflacionárias. Os combustíveis respondem por mais de 2,5 por cento na cesta de itens que compõem o IPCA, principal índice de preços no país.

Mas a alteração também acarreta riscos para outras áreas econômicas -- e eventualmente também para grandes comerciantes globais de commodities.

É comum que governos brasileiros modifiquem a mistura de etanol na gasolina, mas normalmente isso acontece na entressafra, quando o preço está mais alto. A decisão estudada por Dilma é excepcional por acontecer no meio da safra, o que torna mais imprevisíveis as consequências para o mercado.


A menor demanda pelo álcool anidro pode levar as usinas a produzirem mais açúcar, o que pode afetar a cotação global do produto. Atualmente, cerca de metade da produção brasileira de cana se destina à fabricação de etanol.

Inflação acima da meta - Outro efeito possível da medida é que a Petrobras pode ser obrigada a importar mais gasolina para compensar a menor adição de álcool no combustível. O preço dos derivados do petróleo continua relativamente elevado, embora tenha recuado em relação aos níveis de meses atrás.

Funcionários do Ministério de Minas e Energia devem se reunir na quinta-feira para analisar as implicações da redução do teor de álcool na gasolina, segundo duas fontes governamentais. Uma reunião ministerial está prevista para segunda-feira, quando a decisão pode ser oficialmente anunciada, disseram essas fontes.

O combate à inflação é uma das prioridades de Dilma desde sua posse, em janeiro, muitas vezes à frente de outras considerações econômicas. Em abril, por exemplo, ela decidiu permitir o fortalecimento do real para reduzir as pressões sobre os preços, ignorando os apelos da indústria brasileira, que torce por uma desvalorização da moeda para tornar seus produtos mais competitivos no exterior.

A inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 6,71 por cento em junho, acima da meta inflacionária fixada pelo governo, de 4,5 por cento ao ano, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Banco Central também elevou a taxa básica de juros em um total de 150 pontos-base desde o começo do ano, num esforço para controlar a inflação.

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