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Dilma convida para sua posse 11 ex-companheiras de cela

Dilma teve vínculos com os pequenos grupos guerrilheiros Comando de Libertação Nacional e VAR-Palmares durante a ditadura militar

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 10h51.

Brasília - A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, convidou para sua posse, no próximo sábado, 11 mulheres com as quais dividiu cela durante os quase três anos em que esteve presa por seus vínculos com os movimentos de esquerda durante a ditadura.

"Na prisão, Dilma já tinha uma presença forte, já era líder e era muito solidária", declarou em entrevista publicada nesta quinta-feira o jornal "O Globo" a jornalista Rose Nogueira, uma das 11 mulheres que entre 1970 e 1972 permaneceu presa junto de Dilma.

As 11 ex-companheiras de cela figuram em um grupo de pessoas próximas a Dilma que foram convidadas especialmente por ela para a cerimônia na qual receberá a faixa presidencial das mãos do atual líder, Luiz Inácio Lula da Silva.

A socióloga Lenira Machado, outra das mulheres que estiveram no centro de detenção conhecido, à época, como a "Torre das Donzelas", disse ao Globo que, à margem da participação que cada uma tinha na guerrilha, tanto ela quanto Dilma concordavam em que a ditadura devia ser combatida com armas.

"Defendíamos a luta armada, baseada na formação de quadros e não como uma simples aventura", declarou.

Dilma esteve presa e foi torturada por seus vínculos com os pequenos grupos guerrilheiros Comando de Libertação Nacional (Colina) e VAR-Palmares, mas afirmou que nunca chegou a pegar em armas, tampouco participou de nenhuma das ações dessas células.

Documentos publicados em novembro pelo Ministério da Defesa indicam que os grupos de inteligência do Exército jamais chegaram a comprovar a participação de Dilma em ações armadas, mas que havia "assessorado" à guerrilha na preparação de ataques a bancos e a organização de greves.

A agora presidente eleita foi detida em 1970, quando tinha 23 anos, e com base nos documentos, era classificada pela ditadura como "a Joana d'Arc da subversão".

Nos documentos constam algumas passagens de sua declaração diante da justiça militar após sua captura, nos quais se manifestou "marxista-leninista" e admitiu que o grupo Colina participou de três assaltos a bancos e foi responsável por dois atentados a bombas, nos quais não houve vítimas.

"É uma figura feminina de expressão tristemente notável", mas com uma "dotação intelectual apreciável", dizem os arquivos.

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