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Diálogo na Venezuela "está morto", diz presidente do parlamento

A oposição tem insistido em que a negociação deve gerar uma mudança de governo, seja através de um referendo ou antecipando as eleições

Venezuela: "O diálogo está morto porque não produziu nenhum resultado", afirmou o deputado (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)

Venezuela: "O diálogo está morto porque não produziu nenhum resultado", afirmou o deputado (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 18h58.

Última atualização em 8 de dezembro de 2016 às 21h34.

Henry Ramos Allup, presidente do Parlamento, de maioria opositora, afirmou nesta quinta-feira que o diálogo entre governo e oposição para superar a crise política e econômica no país "está morto", enquanto governistas desafiaram seus detratores a levarem à Justiça uma denúncia de suborno feita na véspera.

"O diálogo está morto porque não produziu nenhum resultado", afirmou o deputado dois dias depois de a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) congelar sua participação nas conversações, alegando que o governo descumpriu os compromissos.

Ramos Allup lembrou que a MUD tinha advertido que "não fazia sentido" participar da terceira rodada de diálogo, em 6 de dezembro, se na ocasião o governo não dava "demostrações claras de que honraria" o que foi pactuado sob os auspícios do Vaticano e da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

A oposição tem insistido em que a negociação deve gerar uma mudança de governo, seja através da reativação do processo para um referendo revogatório contra o mandato do presidente Nicolás Maduro - suspenso em 20 de outubro passado - ou através da antecipação das eleições previstas para 2018.

Mas Maduro negou que este tema esteja na agenda do processo iniciado em 30 de outubro.

O diálogo "está absolutamente morto, não faz nenhum sentido continuar aí, fracassou como instância (...). A oposição que continue com sua agenda democrática constitucional para sair disso o quanto antes", acrescentou Ramos Allup.

O parlamentar anunciou na quarta-feira que na semana que vem o Legislativo poderá retomar sua ofensiva contra Maduro e declarar sua responsabilidade política na crise do país.

Uma decisão deste tipo, no entanto, não tem implicações legais.

Ramos Allup esclareceu que respeitará caso outros partidos da coalizão continuem nas negociações - que poderão ser retomadas em 13 de janeiro -, mas reiterou que seu partido, "a Ação Democrática não está nisso".

Denúncia de suborno

Também nesta quinta-feira, o governo exigiu que o líder da oposição, Henrique Capriles, leve à Justiça a denúncia de que co-partidários seus estariam sendo subornados pelo 'chavismo'.

"Isso é um crime e o senhor Capriles agora tem que substanciar suas denúncias", disse Jorge Rodríguez, coordenador da delegação do governo no diálogo com a oposição para resolver a crise política.

O ex-candidato presidencial assegurou nesta quarta-feira que integrantes da Mesa da Unidade Democrática (MUD) recebem dinheiro em troca de passar informações ao governo do presidente Nicolás Maduro e pediu que se faça uma limpeza na coalizão opositora.

"Isso que dizem que (o governo) tem gente dentro da oposição que o informa, eu acho que é verdade. Gente que se diz da mudança e recebe dinheiro de 'boliburgueses' (termo pejorativo para membros abastados do governo)", disse Capriles, prometendo revelar em breve os nomes destes políticos.

A denúncia ocorreu depois de a MUD congelar, na terça-feira, os diálogos iniciados no fim de outubro, sob o argumento de que o pactuado foi descumprido.

"Nós estamos muito interessados em ver quais são estes supostos nomes que Capriles tem, quais são estas supostas provas", acrescentou Rodríguez em coletiva de imprensa.

O presidente do Parlamento afirmou desconhecer o suposto caso de corrupção.

"Não posso fazer afirmações como estas porque não tenho detalhes. Se ele os têm, que os aponte porque a denúncia quem fez foi ele (...) Não vi fatos deste tipo. Se suspeitasse de alguém, o diria", afirmou em entrevista para a televisão.

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