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Diálogo com governo gera rupturas na oposição do Egito

Assembleia Nacional para a Mudança, que apóia o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, é contra as negociações entre o vice-presidente e a Irmandade Muçulmana

Confrontos no Egito: opositores decidiram que só negociariam quando Mubarak saísse (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Confrontos no Egito: opositores decidiram que só negociariam quando Mubarak saísse (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 10h42.

Cairo - A oposição egípcia está sofrendo rupturas na união que mantinha até agora, já que há alguns setores se opuseram ao diálogo empreendido neste domingo pelo vice-presidente, Omar Suleiman, com a Irmandade Muçulmana e outros grupos.

Distintas posturas de apoio e rejeição a essas negociações nasceram, inclusive, entre membros dessas organizações, incluindo a Irmandade Muçulmana e a Assembleia Nacional para a Mudança, que apoia o prêmio nobel da paz Mohamed ElBaradei.

"Não há um marco global para todas as forças políticas. A Assembleia Nacional para a Mudança tem posturas diferentes (sobre o diálogo), entre a rejeição e a aceitação", disse nesta segunda-feira à Agência Efe Hassan Nafae, próximo a ElBaradei.

Segundo Nafae, "já não há uma Assembleia Nacional para a Mudança e ElBaradei disse várias vezes que não é seu presidente, embora ele, como outros, tenham colaborado com ela".

Segundo a revolta popular de 25 de janeiro, os opositores concordaram que só dialogariam com as autoridades a partir da renúncia de Hosni Mubarak, no poder desde 1981.

No entanto, vários dirigentes da oposição participaram neste domingo de uma reunião com o vice-presidente Omar Suleiman, nomeado por Mubarak, ainda no poder e com um enorme retrato do questionado líder na sala onde ocorreu o encontro.

Entre eles estavam representantes da Irmandade Muçulmana, um grupo semitolerado pelo regime. Mas, segundo alguns dirigentes veteranos do grupo, o Egito "vive em uma nova legitimidade" e deve aproveitar o momento.

Mas essa linha não parece ser compartilhada por jovens da organização islâmica, que acham que essas negociações "não têm benefícios".

"Certamente estamos contra a qualquer diálogo até que Mubarak saia, porque é uma perda do tempo", disse à Efe o coordenador dos jovens da Irmandade Muçulmana, Moez Abdel Karim.


Algumas figuras importantes da oposição egípcia ficaram à margem deste diálogo, mas outros, por outro lado, foram convidados mas decidiram não comparecer, como o Movimento 6 de Abril, que iniciou os protestos contra o regime.

Um porta-voz desse grupo, Mohammed Adel, disse à Efe que a postura de sua organização e de outros grupos é original.

"Estamos contra o diálogo até que Mubarak deixe o poder", afirmou Adel. Também disse que, embora alguns jovens tenham participado da reunião de Suleiman, "não voltarão outra vez às negociações".

"Nos pediram desculpas por terem participado do diálogo, e nos disseram que foi mentira e que não é útil", acrescentou Adel.

Por sua parte, ElBaradei, uma figura política com mais voz fora do país que dentro do Egito, admitiu que não tinha sido convidado e qualificou a negociação como "um processo opaco".

"Ninguém sabe quem está conversando com quem nesta etapa. O processo está sendo manuseado pelo regime sem incluir a nova oposição ou o resto das pessoas", disse ElBaradei em declarações à rede de televisão americana "CBS".

Para o diálogo de domingo também não foi convidado o ex-candidato presidencial da oposição Ayman Nour, dirigente do partido Ghad e que se transformou no principal rival de Mubarak durante as eleições presidenciais de 2005.

"O regime insiste em convidar opositores e não a alternativas ou concorrentes, e por isso eu e ElBaradei fomos descartados", explicou Nour à Efe.

Nour qualificou o início das negociações como "pior começo para este diálogo porque mostra uma falta de seriedade".

Para o dirigente, o regime atual "insiste em dialogar com os partidos da Segurança do Estado, que não têm presença na rua".

"Não conhecemos seus nomes (dos partidos) nem os nomes de seus dirigentes", acrescentou Nour, se referindo a grupos políticos diferentes da Irmandade Muçulmana.

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