Mundo

Dialogar com islamitas é possível, diz presidente do Nobel

"O que vimos na Tunísia é que partidos islâmicos conseguiram sentar-se, pôr de lado algumas das coisas que exigiam e encontrar um consenso"


	Kaci Kullmann Five, presidente do comitê do Prêmio Nobel: "Travar uma guerra não serve ao interesse do povo"
 (Reuters / Heiko Junge)

Kaci Kullmann Five, presidente do comitê do Prêmio Nobel: "Travar uma guerra não serve ao interesse do povo" (Reuters / Heiko Junge)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2015 às 15h44.

A mediação realizada pelo Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia, ganhador do Prêmio Nobel da Paz deste ano, prova ser "possível dialogar" com os islamitas, explicou à AFP a presidente do Comitê do Nobel, Kaci Kullmann Five.

Por que premiar um movimento civil na Tunísia?

Kaci Kullmann Five: Decidimos conceder o prêmio ao Quarteto para o Diálogo Nacional tunisiano porque ele teve uma contribuição decisiva na edificação de uma democracia plural na Tunísia (...).

Em um momento em que o processo de democratização corria perigo de afundar totalmente, estas quatro organizações (o sindicato UGTT, o patronal UTICA, a Liga Tunisiana de Direitos Humanos e a Ordem dos Advogados) formaram o Quarteto, que atuou com toda a sua autoridade moral para proteger e incentivar os progressos.

Está satisfeita com a situação atual na Tunísia?

Kaci Five: A Tunísia ainda enfrenta desafios políticos significativos nos âmbitos da política, economia e segurança. Por isso é tão importante e oportuno ressaltar hoje o que se fez na Tunísia em comparação com o que aconteceu em outros países e (...) ajudar a proteger esses resultados positivos e, espero, inspirar outros desenvolvimentos positivos no país.

Você acredita ser necessário o diálogo entre todas as forças políticas, mesmo quando extremistas ou fundamentalistas de um ponto de vista religioso?

Kaci Five: O que vimos na Tunísia é que partidos islâmicos (...) conseguiram sentar-se, pôr de lado algumas das coisas que exigiam, por exemplo, na Constituição, ouvir os demais, concordar, encontrar um consenso que acabou garantindo os direitos fundamentais de todos na Tunísia, incluindo mulheres (...) Isso, portanto, é um exemplo muito, muito importante, do nosso ponto de vista.

É possível fazê-lo quando se tem a vontade (...) foi feito e pode ser emulado se as pessoas que compõem os vários movimentos políticos, islâmicos ou laicos, estiverem dispostos a cooperar, no interesse do povo.

Travar uma guerra não serve ao interesse do povo. Privá-lo da democracia, dos direitos fundamentais, cria refugiados e não cidadãos que querem apoiar o seu país e promover o progresso.

Acompanhe tudo sobre:EntrevistasNobelPrêmio NobelTunísia

Mais de Mundo

Israel e Hezbollah estão a poucos dias de distância de um cessar-fogo, diz embaixador israelense

Exportações da China devem bater recorde antes de guerra comercial com EUA

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, é eleito presidente do Uruguai

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai