1º de maio: marcha do Dia Internacional dos Trabalhadores na Venezuela (Marcelo Garcia/Venezuelan Presidency/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de maio de 2024 às 10h00.
Milhares de trabalhadores independentes ou afiliados a sindicados se manifestaram em Buenos Aires contra a reforma trabalhista promovida pelo governo do ultraliberal Javier Milei, que obteve a aprovação dos deputados na véspera.
É um "dia de luta e reivindicação", disse à AFP Maia Volcovinsky, integrante do conselho diretor da Confederação Geral do Trabalho (CGT).
"Nós nos vemos tendo que repudiar uma reforma trabalhista que retrocede nos direitos dos trabalhadores", afirmou durante o ato na capital, onde se formaram longas filas de pessoas com bandeiras de sindicatos.
Os principais atos foram realizados na cidade de São Paulo, sede dos principais movimentos sindicais do país.
Ali, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que começou a vida política como sindicalista, participou de um ato junto com as principais centrais operárias no estádio do Corinthians, na zona leste da capital, e defendeu a redução da carga fiscal para aqueles que ganham menos.
"Vamos despenalizar as pessoas de classe média, que pagam muito e fazer com que o muito rico pague mais, porque só o pobre paga", disse Lula, que sancionou uma lei que altera as faixas do Imposto de Renda.
O presidente criticou a baixa adesão nos atos de 1º de maio. "Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar", alegou.
Cerca de cinco mil pessoas, convocadas pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) marcharam pelo centro de Santiago, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Somaram-se à manifestação alguns ministros do governo do esquerdista Gabriel Boric.
"Estamos retomando as ruas [...] para avançar nas demandas por um trabalho decente, principalmente por ambientes de trabalho livres de toda a violência", disse Margarita Araya, psicóloga e presidente da Confederação Democrática de Profissionais Universitários da Saúde (Confedeprus).
Em outra manifestação, organizada a poucos quarteirões dali, foram registrados confrontos com a polícia, que reagiu com jatos d'água e gás lacrimogênio, e deteve 16 pessoas.
Com bandeiras nacionais, milhares de apoiadores, sindicatos, políticos e ativistas se concentraram, nesta quarta-feira, na Praça de Bolívar, no centro de Bogotá, convocados pelo presidente colombiano, Gustavo Petro.
Alfonso Quiroz, de 63 anos, atendeu ao chamado, dizendo-se favorável ao pacote de reformas impulsionado pelo presidente de esquerda. "Não temos tido um Congresso que legisle para o povo, mas para as empresas, as transnacionais. Precisamos mudar isso, por isso estamos aqui, para mostrar apoio", disse o aposentado à AFP.
No poder desde agosto de 2022, Petro não conseguiu convencer os congressistas a darem luz verde a seus projetos de lei com vistas a modificar o sistema de saúde, pensões e trabalhista.
Os trabalhadores também foram às ruas em Cuba, embora em menor número do que em outros anos.
Com bandeiras cubanas e fotos do finado líder Fidel Castro (1926-2016), milhares de pessoas com camisetas brancas e vermelhas se concentraram na Tribuna anti-imperialista, uma esplanada emblemática situada em frente à embaixada dos Estados Unidos, em Havana.
O secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba, Ulises Guilarte, denunciou o embargo dos Estados Unidos e admitiu as "ineficiências internas" de seu país, que vive sua pior crise em três décadas, com apagões e escassez de alimentos, medicamentos e combustível.
Liderada por centrais sindicais, a marcha, que contou com 5.000 pessoas em Quito, reivindicou melhores condições e mais postos de trabalho para os equatorianos, que recentemente rejeitaram, em um referendo, os contratos por horas.
"Está difícil conseguir trabalho e tudo está mais caro" devido à alta do Imposto de Valor Agregado (IVA), que passou de 12% para 15%, disse à AFP Luis Morales, um comerciante de 42 anos que há dois não consegue emprego formal.
O governo aumentou o imposto sobre o consumo para obter recursos, que destinará à sua estratégia de combate frontal à criminalidade.
Na Venezuela, a marcha de uma central operária crítica ao governo do esquerdista Nicolás Maduro foi marcada por confrontos com simpatizantes do chavismo governista, que compareceram em motocicletas.
"Como é possível que grupos armados agridam os trabalhadores? Nós viemos reivindicar um salário digno", disse à imprensa o líder dirigente sindical Mauro Zambrano durante a mobilização em Caracas.
O chavismo também convocou uma manifestação que prevista para terminar no palácio presidencial de Miraflores por Maduro, que disputará a reeleição em julho.
A central única de trabalhadores Pit-Cnt - com cerca de 400.000 afiliados -, concentrou sua reivindicação na reforma do atual sistema de seguridade social, que quer levar a plebiscito em outubro, juntamente com as eleições nacionais.
A iniciativa sindical inclui reduzir a idade de aposentadoria de 65 para 60 anos e eliminar as administradoras de fundos de pensão, entre outros.
"Depois dos 45, é muito complicado se você está desempregado. A empresa em que trabalhava fechou em 2020. Há dois anos, consegui entrar em outra, mas com contratos temporários...", disse à AFP Claudia Suárez, de 49 anos, que passou de ser inspetora de qualidade a ferreira.
Durante o ato, ao qual, segundo a polícia, foram cerca de 2.000 pessoas, o Pit-Cnt criticou o governo do presidente Luis Lacalle Pou (centro direita) e também defendeu uma "mudança profunda" na matriz produtiva.