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Dia de reflexão na Grécia na véspera de referendo

Os gregos vivem hoje um dia de reflexão, na véspera de um referendo histórico para determinar o destino do país


	O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras
 (Alkis Konstantinidis/File/Reuters)

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras (Alkis Konstantinidis/File/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2015 às 12h18.

Divididos, os gregos vivem este sábado um dia de reflexão, na véspera de um referendo histórico para determinar o destino do país na zona do euro e o do governo de Alexis Tsipras.

Após uma campanha de apenas uma semana, os gregos devem votar neste domingo "sim" ou "não" às condições estabelecidas pelos credores (UE e FMI) para fechar um acordo para cobrir as necessidades financeiras do país.

Depois de cinco anos de crise profunda, a população está muito dividida sobre a consulta, o que ficou claro nas manifestações de sexta-feira à noite no centro de Atenas.

Os partidários do "não", defendido pelo governo para negociar "um melhor acordo" com os credores, acreditam que este é o caminho para sair de uma austeridade autodestrutiva.

Aqueles que defendem o "sim", acreditam que o que está em jogo é a permanência do país na zona do euro e na UE, e veem o "não" como o caminho para o "caos", "isolamento" e o retorno ao dracma, a antiga moeda nacional.

Pavlos, um aposentado de 72 anos entrevistado em frente a um banco de Atenas, enxerga um futuro "negro".

"Agora há dinheiro, mas na próxima semana, pode ser que não. Como vão fazer as pessoas?", questionou.

As duas pesquisas divulgadas na sexta-feira apontavam para um resultado apertado no referendo, o primeiro no país desde 1974, quando votaram para abolir a monarquia.

Em virtude do controle de capital instaurado há uma semana para evitar o colapso total dos bancos, os gregos só podem retirar até 60 euros por pessoa por dia nos caixas eletrônicos.

Desde terça-feira, o país está em calote com o FMI, por não pagar um reembolso de cerca de 1,5 bilhão de euros, e não tem acesso à assistência financeira dos seus parceiros da zona do euro, que, na ausência de um acordo sobre um programa de ajustes e reformas, não estenderam seu programa.

Varoufakis denuncia "terrorismo" de credores

O Financial Times escreveu que, dada a fraqueza dos bancos gregos, os clientes com depósitos de mais de 8.000 euros poderiam sofrer perdas de até 30%. O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, não tardou em negar o "boato malicioso".

Em declarações ao jornal espanhol El Mundo, o ministro também acusou os credores (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) de "terrorismo" e de querer "humilhar os gregos".

"Por que nos forçaram a fechar os bancos? Para instilar o medo entre as pessoas. E quando se trata de espalhar o terror, este fenômeno é chamado de terrorismo", declarou.

Muito distante está aquele dia, em maio de 2010, em que o então primeiro-ministro socialista George Papandreou anunciou o primeiro plano de resgate a partir da ilha idílica de Kastellorizo.

A odisseia anunciada por Papandreou resultou em seis anos consecutivos de recessão (2008 a 2013), o que contribuiu em grande medida para a austeridade imposta pelos credores.

Naquela época, o PIB do país contraiu 25%, o desemprego foi à loucura, forçando milhares de jovens gregos a emigrar, e a cena política, a mesma desde 40 anos, virou de ponta cabeça com o surgimento de novas forças políticas, como o Syriza, de esquerda, ou o neonazista Aurora Dourada.

Tsipras defendeu na sexta-feira que com um "não", seu governo terá uma arma poderosa para negociar um bom acordo com os seus parceiros, incluindo a redução da dívida pública, perto de 180% do PIB, um nível insustentável.

Mas neste jogo que se tornou as negociações, os parceiros europeus não vão se render e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, alertou na sexta que, mesmo com a vitória do "sim", a retomada das negociações "levará tempo".

E ainda, em caso de vitória do "sim", o governo de Syriza estaria em uma posição muito precária.

Varoufakis disse esta semana que, neste caso, o poder executivo renunciaria, mas, de acordo com ele, seja qual for o resultado, acabará havendo um entendimento, porque "a Europa precisa de um acordo e a Grécia precisa de um acordo."

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