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França tem dia de protestos contra reforma trabalhista

O ponto central do protesto será uma manifestação de estudantes apoiada pelos sindicatos e por partidos políticos de esquerda prevista para o centro de Paris


	Protesto: o protesto coincide com uma greve ferroviária exigindo aumentos salariais que perturbou o transporte em todo o país
 (Jean-Paul Pelissier / Reuters)

Protesto: o protesto coincide com uma greve ferroviária exigindo aumentos salariais que perturbou o transporte em todo o país (Jean-Paul Pelissier / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2016 às 09h31.

A França vivia nesta quarta-feira um intenso dia de protestos contra uma reforma trabalhista que dividiu, inclusive, o governo socialista, em um país acostumado à segurança do emprego.

O ponto central do protesto será uma manifestação de estudantes apoiada pelos sindicatos e por partidos políticos de esquerda prevista para o centro de Paris.

Organizações juvenis e sindicatos estudantis e de trabalhadores também convocaram manifestações em toda a França.

O protesto coincide com uma greve ferroviária exigindo aumentos salariais que perturbou o transporte em todo o país.

Pela manhã, uma dezena de escolas estavam em greve em Paris e outras quatro em Marselha (sul).

A reforma trabalhista inclui medidas que concederiam mais flexibilidade às empresas para contratar e demitir os trabalhadores, em uma tentativa de contrabalançar o desemprego que ronda 10,2% e que afeta principalmente os jovens (24%).

Uma petição on-line contra o projeto de lei El Khomri, que leva o nome da ministra de Trabalho Myriam El Khomri, reuniu mais de um milhão de assinaturas, enquanto uma pesquisa afirma que sete em cada dez pessoas se opõem à reforma.

O presidente François Hollande, que fez campanha com a promessa de melhorar as perspectivas dos jovens, disse na véspera dos protestos que queria ajudá-los para que tenham "mais estabilidade trabalhista".

"Também devemos dar às empresas a oportunidade de contratar mais, oferecer segurança trabalhista aos jovens ao longo de suas vidas e dar flexibilidade para as empresas", disse Hollande.

A polêmica gerada por esta reforma é um novo golpe para Hollande e seu primeiro-ministro, Manuel Valls, que foram acusados por membros de seu partido de ser muito favoráveis às empresas e de ter dado uma guinada à direita.

A 14 meses das eleições presidenciais, nas quais Hollande pode se candidatar a um segundo mandato, a popularidade do presidente caiu ao seu nível mais baixo.

Segundo uma pesquisa divulgada no início de março, a popularidade do presidente francês caiu a um histórico 15%, e a de Valls a 20%.

Sistema nas últimas

No entanto, os partidários desta reforma estimam que para reativar a economia do país é fundamental criar postos de trabalho e manter a competitividade.

O ministro francês da Economia, Emmanuel Macron, afirmouo na terça-feira em uma entrevista à rádio France Inter que o desemprego não cai abaixo de 7% há 30 anos.

"Tentamos de tudo? Vamos ver fora da França. O que aconteceu em outros lugares? Todos evoluíram, todos fizeram coisas", disse.

O jornal Le Parisien se referiu a reformas similares em Espanha, Itália e Grã-Bretanha e disse em um editorial na terça-feira que o código trabalhista da França "não está adaptado a nossa época".

"Negar a necessidade da reforma é negar que o mundo que nos cerca está em movimento, que nosso sistema social está nas últimas e que o desemprego não retrocede", afirmou.

As empresas francesas afirmam que são reticentes em contratar empregados permanentes devido aos obstáculos que as impede de demiti-los em tempos de vacas magras.

Os jovens saem das universidades e terminam trabalhando com contratos temporários durante anos ou fazendo estágios com a esperança de conseguir um trabalho permanente.

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