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Dezenas de vítimas em ataque terrorista em província chinesa

Grupo armado com facas atacou uma delegacia e prédios do governo no distrito de Shache e dezenas de civis muçulmanos e de etnia chinesa ficaram feridos


	Agência oficial afirma que ataque é contra o Ramadã e que "revoltosos blasfemaram contra Islã"
 (Mark Ralston/AFP)

Agência oficial afirma que ataque é contra o Ramadã e que "revoltosos blasfemaram contra Islã" (Mark Ralston/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 19h34.

Pequim - Dezenas de pessoas morreram e ficaram feridas a facadas em um atentado terrorista na região ocidental chinesa de Xinjiang, de maioria muçulmana, indicou nesta terça-feira a agência oficial Xinhua.

Um grupo armado com facas atacou uma delegacia e prédios do governo no distrito de Shache (Yarkand em uigur) e "dezenas de civis uigures (muçulmanos) e hans (de etnia chinesa) morreram ou ficaram feridos", segundo a polícia local citada pela agência.

"Agentes da polícia no local abriram fogo e mataram dezenas de integrantes do grupo", acrescentou a Xinhua. "A investigação inicial aponta para um ataque terrorista premeditado", acrescentou.

Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial Uigur - uma organização de defesa dos uigures com sede em Munique (Alemanha) -, indicou em um e-mail à AFP que mais de 20 uigures foram mortos a tiros pelas forças de segurança, que também feriram outros dez.

As informações sobre os incidentes em Xinjiang são difíceis de verificar de forma independente e é comum que a imprensa oficial divulgue notícias com atraso, principalmente quando se trata de confrontos com a polícia.

Em um artigo, a Xinhua afirma que "se trata de um ataque contra o espírito do Ramadã". "Os revoltosos cometeram blasfêmia contra o Islã", acrescentou.

Pequim culpa os separatistas de Xinjiang por atentados que, no ano passado, ganharam maior dimensão.

Entre os incidentes que mais chocaram está um ataque contra um mercado da capital de Xinjiang, Urumqi, no qual morreram 39 pessoas em maio, e um ataque com faca em uma estação ferroviária em Kunming, sudoeste da China, em março, que deixou 29 mortos.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo chinês de repressão cultural e religiosa que, de acordo com eles, alimenta a instabilidade em Xinjiang.

Pequim afirma que estimula o desenvolvimento econômico na zona e que defende os direitos das minorias em um país com 56 grupos étnicos reconhecidos.

Mais de oito milhões de uigures vivem em Xinjiang, muitos dos quais passaram décadas denunciando a repressão à qual se consideram submetidos. Eles também criticam a imigração massiva dos han, etnia majoritária na China, o que acaba excluindo os uigures da vida econômica e aumentando o desemprego em meio a esse povo muçulmano.

Os hans correspondem a 40% da população de Xinjiang, graças a uma política conduzida por Pequim desde os anos 1990. Antes disso, formavam apenas 6% da população local.

A mais de 3.000 km de distância de Pequim, na antiga Rota da Seda, Xinjiang, uma região de 1,66 milhão de km2, ocupa a sexta parte do território chinês.

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