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Detenção de pais que fugiram com filho doente é prolongada

Juiz prolongou detenção dos pais de menino que tem tumor cerebral e foi retirado do hospital sem autorização

Brett King e Naghemeh King, acusados de tirar o filho de hospital onde tratava de tumor (AFP)

Brett King e Naghemeh King, acusados de tirar o filho de hospital onde tratava de tumor (AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 14h50.

Madri - Um juiz espanhol prolongou nesta segunda-feira por 72 horas a detenção dos pais de Ashya King, o menino britânico de 5 anos que tem um tumor cerebral e foi retirado do hospital sem autorização, e pediu um relatório médico urgente sobre o estado da criança.

O juiz da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, Ismael Moreno, questionou os pais Brett King, de 51 anos, e Naghemeh King, de 45 anos, detidos no sábado pela polícia no sul da Espanha e que se negaram a ser extraditados para o Reino Unido, segundo uma fonte judicial.

Eles querem, inclusive, vender uma casa para pagar o tratamento do filho, segundo seu advogado, Juan Isidro Fernández Díaz.

Díaz explicou ao juiz Moreno que "o menino está sendo submetido a radioterapia e quimioterapia e os pais não queriam esse tratamento, queriam outra opção que existe na República Tcheca, ou uma outra opção que há nos Estados Unidos, nos hospitais de Houston".

"Em momento algum ocorreu um risco de vida para o menino, o pai sabe controlar a máquina que o alimenta", afirmou ainda.

A respeito da situação dos pais do menino, afirmou que os dois permanecerão em prisão provisória até que a defesa apresente provas do hospital de que o menino está em perfeito estado de saúde.

A opinião pública e a imprensa britânica começam a questionar se as autoridades de seu país não foram longe demais ao tratar o caso como um ato criminoso o que foi a tentativa de pais desesperados por salvar seu filho.

A avó de Ashya, Patricia King, denunciou a crueldade que implica a prisão do casal. "É vergonhoso, eles são tratados como criminosos", declarou à BBC.

O irmão de Ashya, Naveed, fez um apelo por doações através da internet. O site de pagamento virtual Paypal chegou a ficar inacessível devido à grande procura.

Também foi iniciada uma petição para a libertação dos pais de Ashya na plataforma change.org, que totalizava até o início da tarde de segunda-feira 16.000 assinaturas.

Vídeo comovente

As autoridades da Grã-Bretanha, da França e da Espanha procuravam Ashya, retirado por seus pais na quinta-feira do hospital de Southampton, no sul da Inglaterra, no qual estava internado, contra a opinião dos médicos.

Foi uma funcionária do Hostal Esperanza da cidade de Benajarafe, a menos de 30 km de Málaga, no sul da Espanha, que avisou à polícia que a família foragida se encontrava na localidade.

Para as autoridades britânicas, era vital encontrar o menino, que se desloca em cadeira de rodas e não pode se comunicar.

A vida de Ashya, operado pela última vez há dez dias, depende de uma sonda nasogástrica que permite que ele se alimente. As autoridades temiam que a bateria do aparelho acabasse no sábado.

"Como podem ver, não tem nenhum problema, está muito feliz desde que o tiramos do hospital", afirmou Brett King, em um vídeo publicado no sábado no YouTube por um dos irmãos de Ashya.

Nas imagens é possível ver o menino, com a sonda, nos braços do pai, que afirma tê-lo tirado do hospital para buscar um tratamento que o serviço público de saúde britânico NHS não oferece no momento.

"Sorri muito, interage conosco e queria dizer a razão pela qual o tiramos do hospital", declarou ainda.

Ele explicou que buscavam no exterior um tratamento de radioterapia que utiliza prótons e que o serviço público britânico NHS não oferece, segundo ele.

"Estamos profundamente comovidos ao descobrir hoje que seu rosto está por toda parte na internet e nos jornais e que fomos qualificados de sequestradores, suspeitos de colocar sua vida em risco e de negligência", declarou.

"Fala-se muito deste aparelho e, como você pode ver, está conectado", acrescentou mostrando a sonda.

A Interpol havia divulgado na sexta-feira um alerta mundial aos seus 190 países membros.

*Atualizada às 14h49 do dia 01/09/2014

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