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Detenção de amiga da presidente integra crise na Coreia do Sul

A presidente Park Geun-Hye está desestabilizada por uma série de revelações que sugerem que Choi Soon-Sil a aconselhava nos assuntos de Estado

Choi Soon-Sil: Choi é investigada por tráfico de influência e corrupção (Woohae Cho/Getty Images)

Choi Soon-Sil: Choi é investigada por tráfico de influência e corrupção (Woohae Cho/Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 14h29.

Uma ex-confidente da presidente sul-coreana, chamada de "Rasputina" pela imprensa, foi detida sob suspeita de tráfico de influência, abrindo caminho para um escândalo político de consequências imprevisíveis para Park Geun-Hye.

A presidente Park Geun-Hye está desestabilizada por uma série de revelações que sugerem que Choi Soon-Sil, sua amiga há 40 anos, a aconselhava nos assuntos de Estado sem exercer nenhuma função oficial ou ter habilitação em matéria de segurança.

Choi é investigada por tráfico de influência e corrupção devido a suspeitas de que aproveitou seus contatos na "Casa Azul", sede da presidência, para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, como Samsung, que teria destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.

Na segunda-feira, ao retornar da Alemanha, para onde havia fugido, Choi se entregou à polícia e foi submetida a várias horas de interrogatório pelo Ministério Público (MP) sul-coreano.

"Há uma possibilidade de que Choi tente destruir provas porque nega todas as acusações", afirmou uma fonte do MP para justificar a detenção provisória de 48 horas decidida pela justiça.

"Ela já havia fugido (para a Alemanha) no passado e não tem um endereço fixo neste país, razão pela qual existe um risco de fuga", disse o funcionário.

"Além disso, se encontra em um estado psicologicamente instável", acrescentou.

"Desculpem-me. Cometi um pecado mortal", declaro Choi depois de entrar na sede do MP do distrito de Seul, segundo a agência de notícias Yonhap.

Ao chegar ao local, enquanto abriam passagem em meio aos manifestantes que pediam sua detenção e jornalistas, Choi perdeu seu chapéu preto, seus óculos de sol e um sapato da marca de luxo Prada.

Nesta terça-feira, Choi foi transferida ao MP para ser submetida a um novo interrogatório.

Acesso a informações confidenciais

Durante a semana passada, a imprensa informou diariamente sobre esta mulher de 60 anos e seu relacionamento com a presidente.

Os meios de comunicação a descrevem como uma "Rasputina" - em alusão a Rasputin, o místico (chamado de "Monge Louco") que exerceu uma grande influência sobre o Czar Nicolau II da Rússia no início do século XX. Choi relia e corrigia os discursos da presidente e até mesmo a aconselhava nas nomeações de integrantes de alto escalão.

Além disso, ela teria tido acesso a documentos confidenciais, o que abala a imagem da presidente, em franca queda, apesar de ter se desculpado publicamente na sexta-feira passada.

Apenas 9,2% dos sul-coreanos aprovam sua gestão e 67% desejam que a presidente renuncie, segundo uma pesquisa de opinião pública divulgada nesta terça-feira.

Choi é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-Min, chefe autoproclamado da Igreja da Vida Eterna.

Ele havia se convertido em mentor de Park Geun-Hye depois do assassinato de sua mãe, em 1974.

Segundo a imprensa, Choi Soon-Sil teria herdado de seu pai, morto em 1994, uma influência pouco apropriada sobre a presidência.

O ex-marido de Choi Soon-Sil havia sido um dos principais adjuntos de Park até sua eleição, em 2012.

Choi visitava frequentemente a "Casa Azul" desde que Park assumiu a presidência, em fevereiro de 2013, afirmou nesta terça-feira o jornal Hankyoreh.

A presidência desmentiu energicamente esta afirmação, e a presidente Park só admitiu ter pedido conselhos a Choi a respeito de alguns discursos.

No domingo passado, Park destituiu vários de seus conselheiros suspeitos de estar vinculados a Choi.

Para superar a crise, Park cogita a possibilidade de nomear um gabinete de união nacional, segundo alguns observadores.

A Constituição sul-coreana não autoriza ações judiciais contra um presidente em funções.

 

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