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Destituição de secretário do PCCh abre crise na China

Bo Xilai, carismático e controverso secretário do Partido Comunista de Chongqing, planejava se tornar um dos líderes do país na próxima década

Bo Xilai passou cinco anos preso por pertencer a uma família considerada intelectual e crítica ao sistema durante a Revolução Cultural (Mark Ralston/AFP)

Bo Xilai passou cinco anos preso por pertencer a uma família considerada intelectual e crítica ao sistema durante a Revolução Cultural (Mark Ralston/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2012 às 07h35.

Pequim - A crise política mais grave na China desde o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989 foi confirmada nesta quinta-feira com a destituição de Bo Xilai, carismático e controverso secretário do Partido Comunista de Chongqing, que planejava se tornar um dos líderes do país na próxima década.

Sua ambição de chegar ao núcleo de direção do Partido Comunista Chinês (PCCh) e talvez um dia a 'número um' foi barrada pela sua cessação fulminante como chefe comunista de uma Prefeitura de quase 40 milhões de habitantes, apenas 20 horas depois de o primeiro-ministro, Wen Jiabao, ter pedido reformas políticas para evitar uma nova Revolução Cultural.

Bo Xilai passou cinco anos preso por pertencer a uma família considerada intelectual e crítica ao sistema durante a Revolução Cultural. Seu pai era Bo Yibo, um importante líder do PCCh e companheiro de Mao Tsé-tung que foi perseguido nessa época; já sua mãe acabou cometendo suicídio.

Após ser reabilitado pelo regime, Bo tentou marcar sua ascensão política com a recuperação de tradições maoístas que o levaram a ser apelidado de 'vermelho', enquanto fazia reformas e lutava contra as poderosas máfias da região.

Mas Wang Lijun, ex-chefe de Polícia que combatia implacavelmente a corrupção, revelou, primeiro ao consulado dos EUA em Chengdu (Sichuan) e depois em Pequim, onde está em liberdade vigiada, o lado obscuro do 'modelo Bo' e de Chongqing como laboratório político.

Segundo disseram hoje à Agência Efe fontes ligadas ao PCCh, Pequim viu um risco iminente de enfrentamento entre o Exército e o partido se os militares do sudoeste do país oferecessem proteção a Bo por serem amigos de seu famoso pai.

Wang, que também foi destituído hoje, pode ser acusado de traição por revelar 'ao inimigo' - os Estados Unidos - segredos do PCCh, e pode ser até condenado à morte, segundo analistas consultados pela Efe.


Segundo o diário 'South China Morning Post', o presidente da nação asiática, Hu Jintao, disse a membros da Conferência Consultiva Política do Povo da China (CCPC), principal órgão assessor, que Wang praticou uma traição.

Uma fonte de Chongqing citada pelo diário revelou que 'os funcionários foram informados que Wang traiu o país com crimes, corrupção e degeneração moral'.

A destituição de Bo, um 'peso pesado' e 'príncipe' da quinta geração, filho de um líder revolucionário assim como o futuro presidente chinês, Xi Jinping, confirma a maior crise política no PCCh desde 1989.

'Seu protagonismo se perdeu. Não queria ser 'irmão', mas 'chefe', e isso não é bem visto', disseram hoje à Efe as mesmas fontes.

Agressivo negociador como ex-ministro do Comércio, seu estilo assustou de início.

'Quis colocar a medalha da luta contra a corrupção, mas no regime chinês essa função corresponde ao secretário-geral do PCCh e presidente, atualmente Hu Jintao', explicaram as fontes, para quem 'Bo queria mostrar-se o salvador do mundo e causou vários problemas ao partido'.

O primeiro-ministro chinês reconheceu ontem que o assunto era 'muito sério', e a notícia da destituição de Bo Xilai foi muito comentada pelos internautas chineses no Weibo - o Twitter chinês - com diversidade de opiniões. 

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