Membro das Farc: segundo a guerrilha, esta destituição afeta gravemente a confiança (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 14h06.
Havana - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) lamentaram nesta quinta-feira a destituição do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, acusaram o presidente Juan Manuel Santos de ter manipulado e advertiram que essa decisão impacta negativamente na mesa de conversas de paz de Havana.
"Deploramos a absurda decisão política do presidente, que pega a prefeitura de Bogotá em uma verdadeira manipulação", manifestou o número dois da guerrilha e chefe de sua delegação de paz, IIván Márquez (conhecido como de Luciano Marín Arango) em declarações aos veículos de comunicação da capital cubana, momentos antes de iniciar um novo ciclo de negociações com o governo colombiano.
Segundo a guerrilha, esta destituição afeta gravemente a confiança e a certeza em torno do que está sendo aprovando.
"Nos coloca muitas dúvidas e dúvidas em torno da eficácia do estipulado parcialmente em torno ao tema de participação política", declarou Márquez ao lembrar do consenso conseguido no ano passado em torno desse ponto, o segundo da agenda que rege os diálogos de paz colombianos.
Segundo o grupo, nesse ponto foram acertados os termos para expandir a democracia na Colômbia, mas o propósito não pode ser atingido com tais condutas e decisões que desfavorecem a democracia.
"Aqui há um desconhecimento da vontade popular que levou Petro à prefeitura de Bogotá", acrescentou o chefe guerrilheiro.
O presidente da Colômbia confirmou na quarta-feira a destituição de Petro, um ex-guerrillero do M-19 eleito por voto popular para o período 2012-2015, e cuja destituição e inabilitação por 15 anos foi ordenada em 9 de dezembro do ano passado pelo Ministério Público pela chamada "crise do lixo" que viveu a capital colombiana durante três dias no final de 2012. Para as Farc, a decisão de Santos tem finalidade eleitoral, conforme denunciou Ivan Márquez.
"Podemos dizer muito respeitosamente que a máfia da direita tomou o poder", acrescentou.
Márquez também arremeteu contra o procurador-geral da Colômbia, Alejandro Ordóñez, ao que rotulou de "funcionário arbitrário e injusto" que "só castiga os opositores do regime e faz vista grossa ou simplesmente assume posições cúmplices frente aos crimes de seus amigos da direita".