Monte Ontake: ele pegou a todos de surpresa com sua súbita erupção, no sábado passado (AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2014 às 20h06.
Assim como o Monte Ontake, 47 vulcões podem despertar subitamente no Japão, inclusive o célebre Monte Fuji, e esse risco é ignorado por muitos habitantes do arquipélago.
As autoridades japonesas acompanham a atividade de 47 vulcões em todo o país, considerados potencialmente perigosos no próximo século, inclusive o Monte Ontake, que pegou a todos de surpresa com sua súbita erupção, no sábado passado.
Existe uma escala de advertências para a atividade vulcânica, de 1 a 5. O último nível exige a retirada da população que vive ao redor.
Antes de entrar em erupção, o Monte Ontake estava no nível 1, o mais baixo, com apenas a possibilidade de algumas emissões, mas sem restrições particulares para os visitantes da região.
Em seguida, o nível foi aumentado em dois níveis, para 3, o correspondente a uma "erupção com grande risco para as pessoas que se aproximarem e um risco, inclusive, para as residências".
"O que aconteceu no sábado superou nossos meios atuais de antecipação", explicou o presidente da Comissão de Previsão da Atividade Vulcânica, Toshitsugu Fujii, durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Segundo um estudo do governo, publicado em junho, 80% das cidades afetadas por uma possível erupção vulcânica carecem de um plano concreto de evacuação.
Atualmente, entre os 47 vulcões sob vigilância (dos 110 ativos do país), quatro estão no nível 3 (risco de erupção, perigo em um raio bastante amplo nos arredores); cinco, no nível 2 (perigo perto da cratera) e os outros, no nível 1 ou sem risco algum.
Todas as semanas, a agência meteorológica publica um boletim no qual detalha a situação dos vulcões e faz advertências em caso de necessidade.
Em 25 de setembro, a entidade descreveu principalmente a situação nas ilhas vulcânicas de Miyakejima, Nishinoshima e Ioto, onde se aproximar da cratera representa um grande risco.
Maravilha adormecida, monstro ao acordar
"Um fortíssimo sismo como o de 11 de março de 2011 (de magnitude 9) pode provocar um risco de erupção dos vulcões da região, devido a um acúmulo de magma", explicou, em meados de 2012, o professor Fujii.
Este especialista também citou o caso de um violento tremor de magnitude 8,6 em 28 de outubro de 1707, no sul do arquipélago: "Quarenta e nove dias depois, em 12 de dezembro, uma erupção explosiva, como raras vezes se viu na História, aconteceu no Monte Fuji".
Ao contrário do que muitos pensam, o "Fuji-san", a montanha mais alta do Japão - com 3.776 metros de altitude -, não está extinto, apenas adormecido.
"Durante a segunda metade do século XX, cada vez que aconteceu um terremoto de magnitude 9 em alguma parte, os vulcões ao redor entraram em erupção durante os anos seguintes", advertiu Fujii, que também preside a comissão de previsão de erupções.
O Monte Fuji está atualmente no nível 1 na escala de risco, assim como estava o Monte Ontake até o dia em que despertou brutalmente.