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Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de agosto de 2018 às 07h03.
Última atualização em 25 de agosto de 2018 às 07h03.
São Paulo - Enquanto uma em cada sete pessoas no mundo sofre com desnutrição, um terço de toda a comida produzida pelo sistema agrícola global é perdida a cada ano, segundo dados do Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma). E um novo estudo do Boston Consulting Group (BCG) alerta que o desperdício global de alimentos aumentará em mais de 30% até 2030 se nenhuma ação for tomada.
Na ponta do lápis, os números impressionam: um total de 2,1 bilhões de toneladas de alimentos não chegarão ao seu destino final (a mesa das pessoas), o equivalente ao desperdício colossal de 66 toneladas por segundo. O desperdício de comida significa também perda de recursos naturais, contribuindo assim para impactos ambientais negativos.
Atualmente, cerca de 1,6 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas a cada ano, o que representa US$ 1,2 trilhão perdidos e 8% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa, vilões do aquecimento global.
A menos que medidas urgentes sejam tomadas pelos governos, empresas e consumidores, o relatório adverte que há poucas chances do mundo atingir a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODSs) de reduzir pela metade o desperdício de alimentos até 2030.
Em entrevista ao The Guardian, Shalini Unnikrishnan, diretor do BCG, afirma que as soluções para lidar com o problema são em geral “fragmentadas, limitadas e insuficientes dada a magnitude do problema”, que só deve piorar a medida que mais países se industrializam e o mercado consumidor aumenta.
O estudo destaca ainda que o desperdício de alimentos ocorre em todas as etapas da cadeia de valor, mas é mais pronunciado no início (produção) e no final (consumo). Uma ação global e coordenada para abordar a questão pode reduzir as perdas anuais em quase US$ 700 bilhões, estima a consultoria.
Mas para isso é preciso compromisso e colaboração entre vários atores. O governo deve apoiar e, em alguns casos, subsidiar oportunidades para reduzir a perda e o desperdício de alimentos e incentivar o reaproveitamento, diz a consultoria.
Organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio devem trabalhar para melhorar as regras que cercam o fluxo transfronteiriço de alimentos, e os consumidores devem adotar práticas que reduzam o desperdício. Por fim, as empresas precisam dar um passo à frente como líderes na questão e implementar estratégias para reduzir a perda e o desperdício de alimentos, defende o BCG.