Crise hídrica na Cidade do Cabo: fornecimento de água pode ser cortado aos moradores em 11 de maio (Mike Hutchings/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2018 às 09h27.
Os executivos que viajam para a Cidade do Cabo (África do Sul) para a maior conferência anual de mineração da África percebem imediatamente a crise da água que atinge a cidade.
A cidade pede que os visitantes “usem a descarga apenas quando realmente necessário” e recorda que há desinfetante para mãos em vez de água nas torneiras nas pias do centro de conferências. Os chuveiros não contam com tampas de ralo. E para os executivos que sofrem de jet lag e qualquer pessoa que se exceder nos muitos coquetéis, os organizadores avisam que as porções de chá e café são limitadas.
São constantes os lembretes de que a Cidade do Cabo enfrenta a pior seca de sua história. Ao mesmo tempo, a cidade hospeda milhares de executivos, representantes de governos e investidores para a African Mining Indaba, que abrange um dos setores mais vitais do continente.
A crise da água também se faz presente nas reuniões. O vice-presidente do conselho da Anglo American para a África do Sul brincou que uma de suas primeiras perguntas quando se reunisse com seu maior acionista, o bilionário Anil Agarwal, seria “você tomou banho de manhã?”
O diretor-geral da conferência, Alex Grose, e sua equipe chegaram ao ponto de ensaiar banhos de 60 a 90 segundos antes de viajar para a Cidade do Cabo, disse ele, em entrevista, nos bastidores do evento.
Os organizadores chegaram a discutir por um breve período a não realização do evento na Cidade do Cabo neste ano, mas decidiram seguir em frente após considerar o efeito econômico sobre a cidade. “Para nós, é um grande problema”, disse Grose. “Está tudo sobre a mesa.”
Os organizadores se esforçaram para garantir que os milhares de participantes fossem informados a respeito da necessidade de economizar água. No website da conferência, há lembretes como “tome banhos curtos, ligando e desligando o chuveiro” e “lave as mãos com menos frequência, dando preferência a desinfetantes de mãos”.
Além disso, a organização da conferência está comprando água engarrafada e uma reserva “não potável” da cidade, pagando para que seja purificada.
A boa notícia para a Cidade do Cabo é o adiamento da data estimada para um possível desligamento do fornecimento de água para os moradores. Agora é 11 de maio em vez de 16 de abril.