Mundo

Ruptura de represa no Laos deixa 26 mortos e mais de 130 desaparecidos

Mortes ocorrem depois que a represa de uma hidrelétrica em construção se rompeu na segunda-feira em uma parte remota do país

Laos: morte de 19 pessoas foi confirmada e mais de 3 mil ainda precisam ser resgatas depois que uma represa se rompeu (MIME PHOUMSAVANH/Reuters)

Laos: morte de 19 pessoas foi confirmada e mais de 3 mil ainda precisam ser resgatas depois que uma represa se rompeu (MIME PHOUMSAVANH/Reuters)

A

AFP

Publicado em 25 de julho de 2018 às 09h49.

Última atualização em 25 de julho de 2018 às 11h11.

Vinte e seis corpos foram resgatados e 131 pessoas foram dadas como desaparecidas no Laos, onde a ruptura de uma represa hidrelétrica inundou localidades no sul do país.

"Há 131 desaparecidos", afirmou o primeiro-ministro Thonglun Sisulith, proporcionando um primeiro balanço exato e oficial da catástrofe.

O isolamento da zona pelas chuvas complica as tarefas de resgate. O nível das águas obriga muitos moradores a procurarem abrigo no telhado de suas casas.

O cônsul tailandês no Laos, Chana Miencharoen, que visitou a área do acidente, afirmou que 26 corpos foram recuperados da água.

"Outras 17 pessoas feridas foram levadas para o hospital", disse ele à AFP.

A agência de notícias KPL, uma das poucas fontes de informação no Laos, um estado comunista muito fechado, mencionou dezenas de desaparecidos, sendo que 50 apenas na aldeia de Ban Mai, na fronteira do país com o Camboja e o Vietnã.

Cerca de 750 pessoas conseguiram se refugiar em uma província vizinha a dezenas de quilômetros do local da catástrofe, indicou um jornalista da AFP. Segundo o cônsul tailandês, mais de 6.000 pessoas estão sem moradia.

O país agora pergunta se as empresas encarregadas da construção da represa tomaram todas as medidas necessárias para a segurança da obra. Alguns habitantes dizem que foram alertados muito tarde sobre o desastre.

"Foi tudo muito rápido, não tivemos tempo para nos preparar", declarou à AFP Joo Hinla, que vive em uma das aldeias mais atingidas, Ban Hin Lath, e está sem notícias de quatro membros de sua família.

Um dos operadores coreanos do projeto indicou que desde sexta-feira, depois das chuvas torrenciais que caíram no país, foram detectados 11 centímetros de afundamento no centro da represa.

Um de seus colegas relatou que a parte superior da represa foi arrastada no domingo, ou seja, quase 24 horas antes da ruptura total da estrutura que liberou 500 milhões de toneladas de água.

"No domingo, alertamos as autoridades e começamos a evacuar as aldeias próximas", indicou o porta-voz de uma das companhias coreanas.

Sistemas inadequados

"A catástrofe revela a inadequação dos sistemas de alerta e levanta questões importantes sobre a segurança das represas no Laos", lamentou Maureen Harris, uma especialista em represas da ONG International Rivers.

As operações de resgate são complicadas por causa das chuvas de monção, e a zona do desastre está completamente isolada. Apenas de barco, ou helicóptero, é possível ter acesso a ela.

A estrutura que rompeu, chamada Saddle Dam D, faz parte de uma rede de várias represas hidroelétricas, um projeto de mais de um bilhão de dólares que envolve empresas do Laos, da Tailândia e da Coreia do Sul, agrupadas na sociedade Xe-Pian Xe-Namnoy Power Company's (PNPC).

A represa tinha previsto começar a distribuir energia elétrica em 2019, e 90% seriam exportados para a vizinha Tailândia. O restante seria de uso local.

Situada no coração da península da Indochina, este pequeno estado rural e montanhoso quer se converter na fonte de energia de todo Sudeste Asiático.

Segundo a ONG International Hydropower Association (IHA), existem mais de 50 projetos hidroelétricos no Laos. Várias organizações de defesa do meio ambiente alertaram para o impacto destas represas no rio Mekong, sua flora e sua fauna, assim como sobre as populações rurais.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaHidrelétricasMortes

Mais de Mundo

Disney expande lançamentos de filmes no dinâmico mercado chinês

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz

Na China, diminuição da população coloca em risco plano ambicioso para trem-bala